Na Edição da noite desta segunda-feira, na SIC Notícias, a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Pedroso Cavaco, e o Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, comentaram a situação caótica que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) enfrenta.
Miguel Guimarães esclareceu que, a seu ver, "é óbvio os sindicatos querem negociar alguma coisa que seja estruturante e contribua para que a situação se resolva a médio e longo prazo", frisando que, relativamente à comissão de acompanhamento, o que a mesma vai tentar "é que haja um melhor planeamento e organização entre aquilo que são os serviços que vão ter dificuldades em manter a urgência aberta e aquilo que são os serviços que estão de facto a funcionar".
"Não é possível uma comissão resolver questões que são estruturais, as questões estruturais têm que ser resolvidas pelos órgãos competentes", afirmou, acrescentando que, na sua opinião, "não ser feita a reforma necessária assenta numa falha na vontade política por um lado - no sentido de tentar resolver um problema que se está a arrastar por demasiado tempo - e, por outro, na falta de visão estratégica".
O Bastonário acredita que é necessário ter "uma visão a médio longo prazo", o que contraria, nas suas palavras "o que está a acontecer há muito tempo". "As decisões que são tomadas ao nível do SNS são para resolver problemas imediatos e não tentar fortalecer o SNS", mencionou.
Frisou que "para dar resposta que os cidadãos necessitam, o SNS tem que ser competitivo, tem que haver uma transformação, caso contrário vamos ter profissionais de saúde com salários extremamente baixos quando comparados com outros países". Pensa que Portugal terá que lidar com "a competitividade do setor privado", o que levará "a que exista falta de capital humano no SNS, o que tem consequências na sua resposta".
Também a Bastonária Ana Rita Pedroso Cavaco concorda que as medidas do Governo "são sempre pontuais", expondo que "isto não é só uma questão de dinheiro". Alertou que este debate, "relativamente àquilo que é preciso mudar", é feito pela ordem dos enfermeiros há seis anos e disse que "não estamos a falar de repor prateleiras de supermercado, estamos a falar da vida das pessoas" e "isso não implica só dinheiro".
"Tenho uma carência brutal de enfermeiros", sublinhou questionando: "Há quantos anos andamos a falar de exclusividade para o SNS dos profissionais de saúde?".
"É evidente que as pessoas precisam da valorização da carreira e condições de vida e de trabalho dignas, mas essa exclusividade é uma opção que as pessoas têm que fazer e tem não só a ver com dinheiro, mas com princípios éticos e deontológicos que também têm que ser cumpridos e têm que se fazer cumprir por parte do Governo em relação a todos sem exceção", destacou.
Nas últimas semanas, serviços de urgência de diversas especialidades e blocos de partos de vários hospitais encerraram por determinados períodos ou funcionaram com limitações devido à alegada dificuldade dos hospitais em completarem as escalas de serviço de médicos especialistas.
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