O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, alertou, este domingo, para "uma situação grave" nos próximos dias devido ao risco de incêndio. Algo que se registará, sobretudo, a partir de dia 12, terça-feira, como explicou em declarações proferidas na sede nacional da Proteção Civil, em Carnaxide.
De acordo com o chefe de Estado, o número de incêndios poderá, assim, "aumentar de forma drástica depois de amanhã". Marcelo Rebelo de Sousa explicou, neste sentido, que é esperado tanto um "agravamento" dos fatores de risco de surgimento de novos focos de incêndio, bem como da extensão da área de risco.
Dentro do pico dos próximos dias, o chefe de Estado destacou ser possível dividir o risco de incêndios "em duas fases": uma entre hoje e segunda-feira, e outra a partir de terça-feira, que poderá durar "um número de dias variável, entre três e quatro".
"Quando se fala em hoje e amanhã [segunda-feira], estamos numa situação que é grave, que pode dar a situação amanhã, porventura, de um aparente desagravamento, e que pode ser ilusório, no sentido de levar as pessoas a facilitar na sua reação, quando há dados que permitem apontar para um agravamento no dia seguinte", advertiu.
O chefe de Estado referiu que, na fase que irá durar até segunda-feira, "ainda não há os ventos que se teme" virem a existir "com uma intensidade que não tem existido até agora" a partir de terça-feira.
Marcelo apontou ainda que "a mancha abrangida" pelos incêndios neste momento "é uma", na segunda-feira "será mais ou menos a mesma, mas, em princípio, poderá aumentar de forma drástica" a partir de terça-feira, "cobrindo todo o território nacional, menos uma faixazinha no litoral norte".
"Portanto, é isso que leva a dizer que possa haver a partir de dia 12, incluindo dia 12, não só um alargamento da extensão da área de risco, como dos fatores de risco (...) [com] elevadas temperaturas que podem subir então - nomeadamente as máximas -- e a humidade baixa que pode agravar-se então, baixando essa humidade, [a] somar-se uma intensidade dos ventos não necessariamente verificáveis hoje e amanhã", sublinhou.
O Presidente da República deixou assim um apelo: "É preciso neste momento, perante este pico, fazer tudo para que o saldo final, no termo destes dais, desta semana, seja um saldo que seja o mais positivo possível e não o mais negativo possível. É este esforço que temos todos que fazer".
"Temos pela frente um período em que há condições que obrigam a um esforço reforçado do dispositivo de proteção civil", destacou ainda.
Melhor preparação do que em 2017? "Não há comparação"
Questionado pelos jornalistas se Portugal está hoje mais preparado para fazer face aos incêndios do que em 2017 - ano que ficou marcado pela tragédia de Pedrógão Grande - o Presidente de República respondeu afirmativamente, garantindo que "não há comparação".
"Isso não tem comparação. Quando eu recordo 2017, e recordo a realidade que existia em termos de estruturas de informação que havia - e havias muitas já - mas esta é mais sofisticada: de entidades envolvidas, de coordenação de entidades... Não há comparação", complementou.
Marcelo salientou ainda que a "informação hoje disponível é muito melhor do que jamais foi, muito melhor em todos os domínios".
"Sabemos mais e conhecemos melhor: isto permite prever melhor, planear melhor e prevenir melhor. (...) Hoje é possível acompanhar, mais do que nunca, minuto a minuto, em todo o território nacional e nomeadamente território continental", esclareceu.
O chefe de Estado considerou também que "não há dúvida" que se "aprendeu muita coisa" com os incêndios de 2017, ressalvando, no entanto, que nunca se aprenderá tudo e que é "preciso aprender muito mais nesta realidade".
"Vemos os Estados Unidos da América - grande país - que, mesmo aprendendo tudo, é um drama o que acontece com os fogos florestais todos os anos, e mesmo países europeus, mais variados, a começar no país vizinho [Espanha], que está sempre a aprender, porque é cada vez mais complicada e imprevisível a situação", indicou.
Perante a comunicação social, Marcelo Rebelo de Sousa destacou ainda o seu "apoio incondicional" a todas as equipas que estão no terreno a combater estes incêndios.
As declarações foram proferidas após uma reunião com o ministro da Administração Interna e com a Proteção Civil, que decorreu durante a manhã deste domingo.
[Notícia atualizada às 14h02]
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