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Indústria do papel é "poder económico que incentiva florestação perigosa"

Francisco Louçã analisou, na SIC Notícias, o que tem falhado na gestão das florestas e que tem conduzido à repetição da tragédia dos inêndios.

Indústria do papel é "poder económico que incentiva florestação perigosa"

Francisco Louçã  criticou esta sexta-feira o facto de a indústria do papel ser "intocável em Portugal" e incentivar a uma "florestação perigosa".

"É um verdadeiro poder económico que incentiva esta florestação perigosa", afirmou, no espaço habitual de comentário à sexta-feira na SIC Notícias, onde hoje se debruçou sobre a problemática dos incêndios.

"Portugal continua a ser o quarto país com maior área de eucaliptos do mundo. Só nos comparamos com países gigantes como a China, o Brasil ou a Austrália", detalhou o antigo coordenador do Bloco de Esquerda.

Referindo que hoje, a 15 de julho, já arderam 38 mil hectares, o economista nota que "ainda estamos a meio desta época de fogos".

Sobre os alertas do primeiro-ministro, que afirmou esta semana que os incêndios "nascem sempre de ação humana", Louçã compreende "a necessidade de incentivar a preocupação", mas avisa que nem tudo "depende só das condições individuais"

Nesse sentido, o ex-coordenador do Bloco aponta "duas ordens de razões" para o flagelo dos incêndios, "que nos obrigam à repetição deste lamento" todos os anos.

A primeira são as alterações climáticas com a intensidade das vagas de calor. "Não depende só de nós como economia e sociedade", aponta, "embora Portugal faça pouco a sua parte".

"A segunda são as condições estruturais", como a área de eucalipto e o problema do registo. "Não se sabe quem cuida da floresta. Quase toda ela é privada e uma grande parte dela não se sabe quem são os seus proprietários; e porventura os seus proprietários não sabem que o são", afirma.

A esse propósito, Louçã lembra uma medida discutida há uns anos no Parlamento que consistia em que as propriedades que ao fim de 15 anos não tivessem sido cuidadas (ou não fosse identificado o proprietário legal), ficariam ao cuidado do Estado.

"Isso era muito razoável, mas houve um grande conflito político em torno disso", recorda.

"Temos eucaliptos, temos desocupação do mundo rural e, em função disso, as dificuldades de organização da proteção das florestas", concluiu.

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