O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, comentou esta sexta-feira a subida da inflação, que terá aumentado para 9,1% em julho, referindo que os próximos tempos serão difíceis e vão exigir "vontade política, determinação e resistência".
"Temos os pés no chão quanto à situação de crise que se vive por causa da guerra e às consequências", assegurou, referindo que a subida da inflação "é uma consequência". "Há outras, e vai ser um período difícil, nós sabemos disso. É um período que exige resistência e capacidade de decisão - decisão rápida, se for necessário", mas sempre "com realismo, não negando que é um momento difícil".
O chefe de Estado falava à margem do EurAfrican Forum 2022, que terminou hoje em Carcavelos, distrito de Lisboa, cujo tema principal foi "Reforçar a aliança UE-Africa numa era de disrupção".
"Falámos que a Europa tem de olhar mais para África, também falámos na colaboração intimíssima entre Portugal e Cabo Verde e no papel fundamental não apenas dos políticos, mas também das comunidades cabo-verdiana em Portugal e portuguesa em Cabo Verde", resumiu Marcelo, tendo ao seu lado o homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves.
"É evidente que estes são tempos difíceis, que a inflação continua a subir - e está a subir com um atraso um mês, dois meses em relação à subida espanhola - o que quer dizer que enquanto durar a guerra provavelmente teremos um conjunto de consequências que temos de enfrentar", alertou.
Sobre a crise energética, o Presidente da República considera que o país se preveniu "por várias vias" e "está a prevenir-se".
"Por isso é que eu disse que nós estamos, ao contrário de outros países europeus, que entram já no outono e no inverno em maiores necessidades energéticas", afirmou.
Nós estamos numa posição relativamente menos grave: temos as renováveis, temos uma menor dependência em termos de gás", enumerou Marcelo. "As duas exceções que se aplicam a Portugal e a outros países são exceções que permitem acautelar, de facto, uma situação mais grave em termos energéticos."
"Aquilo que pudermos fazer para ir poupando energia é um contributo de todos e da sociedade para o pior cenário", disse ainda, constatando que "outros países enfrentam uma dependência energética maior da federação russa".
A taxa de inflação em julho ultrapassou os 9%, tendo atingido o valor mais elevado desde novembro de 1992, avançou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE) na sua estimativa rápida.
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