O condutor do autocarro que se incendiou na Autoestrada 5 (A5), na zona de Carnaxide, no distrito de Lisboa, com 40 crianças a bordo, na quarta-feira, contou como conseguiu salvar os menores, mas rejeitou ser apelidado de herói.
"Olhei para o espelho direito e estava tudo bem… Depois passaram carros e começaram a buzinar e a dizer para olhar para trás", começou por recordar Yasyl Viznyuk, em entrevista ao programa Casa Feliz, da SIC.
Após o alerta, o condutor viu o fumo e decidiu encostar na berma da autoestrada.
"Comecei a mandar as crianças sair. Nesta altura, o autocarro ficou cheio de fumo rapidamente. Estava tudo escuro", adiantou.
Apesar do fumo, Yasyl não hesitou em "fazer algumas voltas" no autocarro para "ajudar os miúdos a sair".
"Fui o último a sair do autocarro, as portas começaram a fechar e eu ainda estava lá dentro. Nem tive tempo de tirar os documentos do autocarro. Quando vi a porta a começar a fechar, pensei: 'Se ela fecha, já não saio'. Dei um pontapé na porta e saí", recordou.
O motorista, que transportava 40 alunos do 9.º ano e três professoras da Escola Noronha Feio, em Queijas, no concelho de Oeiras, rejeitou ser apelidado de herói.
"Heróis não é aqui, heróis é na guerra. Fiz o que era para fazer, mais nada", frisou, adiantando que não teve "tempo de ficar com medo".
O autocarro incendiou-se ao quilómetro 7,5 da A5, na zona de Carnaxide, concelho de Oeiras. Em declarações à Lusa, fonte do Comando Sub-Regional da Área Metropolitana de Lisboa da Proteção Civil, referiu que na sequência deste incidente cinco crianças necessitaram de assistência, tendo três delas sido transportadas para o Hospital São Francisco Xavier, por inalação de fumo.
Leia Também: Três crianças assistidas no hospital após incêndio em autocarro na A5