Qual é o impacto ambiental de uma ida ao Espaço?
Para um lançamento espacial com quatro pessoas são emitidas 200-300 toneladas de dióxido de carbono.
© YouTube / Blue Origin
País Espaço
No dia 4 de agosto, quinta-feira, às 14h30 (hora de Lisboa), descola a missão NS-22 da empresa espacial privada Blue Origin, que levará a bordo Mário Ferreira, que assim se tornará o primeiro português no espaço.
O dono da TVI e da empresa de cruzeiros Douro Azul chegará ao espaço, ou seja, atingirá os 100 quilómetros do nível do mar, altitude a que chegam as naves espaciais da empresa aeroespacial de Jeff Bezos, fundador da Amazon.
Mas que impacto ambiental têm estas viagens, o tão almejado turismo espacial?
A indústria do turismo espacial pode ter um efeito maior sobre o clima do que a indústria da aviação se não estiver regulamentada, sugerem novas investigações.
Segundo o estudo levado a cabo por investigadores da UCL, da Universidade de Cambridge e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), as partículas de carbono negro (fuligem) emitidas pelos foguetões são quase 500 vezes mais eficientes na retenção de calor na atmosfera do que todas as outras fontes de fuligem combinadas (superfície e aviões).
"As partículas de fuligem dos lançamentos de foguetões têm um efeito climático muito maior do que as aeronaves e outras fontes terrestres, pelo que não é necessário haver tantos lançamentos de foguetões como os voos internacionais para ter um impacto semelhante", afirma a cientista e co-autora do estudo Eloise Marais.
Para um lançamento espacial com quatro passageiros, são emitidas 200-300 toneladas de dióxido de carbono. Importa aqui referir que a Blue Origin não emite dióxido de carbono durante o voo uma vez que o motor funciona com combustível que combina hidrogénio líquido e oxigénio líquido. Ainda assim, segundo Marais, continua, tal como outros foguetes, a representar um risco para a camada de ozono.
O estudo revelou que a atual perda de ozono total devido a lançamentos é pequena, mas as atuais tendências de crescimento em torno do turismo espacial indicam um potencial de danos no Ártico, acelerando o degelo.
"O que realmente precisamos agora é de uma discussão entre peritos sobre a melhor estratégia para regular esta indústria em rápido crescimento", asseverou a professora associada de geografia física na Universidade College London. “A hora de agir é agora – enquanto os bilionários ainda estão a comprar os bilhetes”, alerta em entrevista ao The Guardian.
Os produtos emitidos a partir dos foguetões acabam por permanecer na alta atmosfera entre dois a três anos. Mesmo a água injetada na alta atmosfera pode ter impactos no aquecimento global, explicou Eloise Marais ao The Guardian. O cloro, juntamente com outros compostos, pode causar chuvas ácidas, que são, sobretudo, prejudiciais à vida marinha e às plantas.
As temperaturas elevadas durante o lançamento dos foguetões - e sua reentrada - convertem o nitrogénio estável do ar em óxidos de nitrogénio reativos, o que transforma o ozono em oxigénio, destruindo a camada de ozono.
A NS-22, que descolará do Launch Site One, na região do Texas Ocidental, contará com o primeiro português e a primeira egípcia astronautas.
A entidade privada de astronáutica e serviços de voo espacial suborbital explicou que, no logótipo da missão, incorporou "alguns símbolos no design", como as pirâmides do Egito; a fossa das Marianas; a cápsula da tripulação; o navio de Magalhães e peixes a nadar por baixo; uma carruagem, bem como o novo impulsionador da Shepard e as montanhas do Texas Ocidental.
Um relatório de 2021 estima que o mercado global de transporte espacial e turismo espacial ultrapassará os dois mil milhões de euros em 2031, crescendo 17,15% a cada ano na próxima década. Em 2021, foram realizados 146 lançamentos de foguetes.
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