Putin tem impedido que "cidadãos russos tenham acesso à verdade"
Gomes Cravinho frisou que "é absurdo chamar de operação especial a esta agressão/invasão da Ucrânia pela Rússia".
© Pedro Fiúza/NurPhoto via Getty Images
País Ucrânia/Rússia
O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, afirma que a Rússia tem vivido num "sistema de mentiras", em declarações proferidas em Praga, na República Checa, onde vai reunir-se com os ministros de outros países que constituem a União Europeia (UE) para debater a invasão da Rússia na Ucrânia.
"É absurdo chamar de operação especial a esta agressão/invasão da Ucrânia pela Rússia", frisou o ministro salientando que a Rússia tem vivido num "sistema de mentiras em cima de mentiras para construir uma realidade alternativa".
Na visão do ministro, Putin tem evitado "que cidadãos russos tenham acesso à verdade", sendo que o presidente russo justifica a invasão com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia.
O objetivo da reunião entre os 27 ministros é debater o que poderá ser feito pela UE a nível militar de forma a amenizar os impactos da ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia que causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A ofensiva foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções.
Em declarações à margem de uma reunião informal de chefes de diplomacia da União Europeia (UE), em Praga, João Gomes Cravinho, reagindo à morte do último líder da antiga União Soviética, apontou que Gorbachev é "a pessoa a quem mais se deve o final da 'Guerra Fria'", observando que "o seu percurso político tem, no entanto, contornos simultaneamente de uma personagem heroica e trágica".
"Heroica porque encarnou, com o seu apelo à honestidade e integridade, todo o processo de abertura da União Soviética, desvendando as inverdades sobre as quais se tinha construído esse império. E, no entanto, trágica, porque exatamente por isso o regime soçobrou", apontou.
Salientando que "o objetivo dele não era esse", mas sim "reformar o sistema para que ele pudesse sobreviver", João Gomes Cravinho disse que Gorbachev "acabou por o fazer ruir, e isso por uma razão simples: é que a luz do dia era incompatível com a natureza do regime".
"E, portanto, a partir do momento que ele revelou aos cidadãos russos aquilo que era a realidade do regime, não era mais possível a sobrevivência desse regime", prosseguiu.
Estabelecendo uma 'ponte' com a situação geopolítica atual e a Rússia sob a liderança de Vladimir Putin, o chefe da diplomacia portuguesa comentou que, "infelizmente, aquilo que Putin demonstra é o pior da história da Rússia no período que Gorbachev herdou quando chegou ao poder, ou seja, a utilização de mentiras".
"Veja-se o absurdo que é chamar uma operação especial à invasão da Ucrânia pela Rússia. Portanto, todo esse sistema de mentiras em cima de mentiras para construir uma verdade alternativa e impedir que os cidadãos russos tenham acesso à verdade é precisamente algo que hoje vemos reconstituído por Putin", disse.
Mikhail Gorbachev, último líder da antiga União Soviética, morreu na terça-feira aos 91 anos de idade.
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