Em declarações à agência Lusa, a deputada Joana Mortágua disse ter recebido a notícia avançada hoje pelo Diário de Notícias "com surpresa e preocupação".
"Preocupação sobretudo sobre a transparência e a confiança em todos estes processos que envolvem naturalmente documentos que podem ser importantes e que põem em causa também a imagem internacional de Portugal", disse a deputada.
A bloquista mostrou igualmente preocupação com "a ideia de que o EMGFA [Estado-Maior-General das Forças Armadas] possa estar suscetível a ataques de 'hackers', que é uma ideia em si preocupante, sobretudo tendo em conta que as informações foram depois postas à venda na 'darkweb'".
"Há aqui um conjunto de matérias que achamos que têm que ser esclarecidas pelo Governo. É preciso ter em conta que o que se soube até ao momento é que o Governo tinha informação desta fuga de informação, deste ataque informático, e que não fez esses esclarecimentos ao país", salientou.
Nesse sentido, o BE espera que o executivo diga "o que é que aconteceu, que medidas tomou" e como é que lidou politicamente com o problema, antes de uma eventual ida ao parlamento -- depois de PSD, IL e Chega terem já entregado requerimentos nesse sentido, que o BE "vai acompanhar".
"Parecer-nos-ia estranho que [esses esclarecimentos] viessem só aquando da ida dos membros do Governo ao parlamento, achamos que antes disso o Governo deve explicações ao país", vincou.
O Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) foi alvo de um "ciberataque prolongado e sem precedentes", que teve como resultado a exfiltração - transferência não autorizada de dados de um determinado sistema informático fechado - de documentos classificados da NATO, noticiou hoje o Diário de Notícias.
Segundo o mesmo jornal, o Governo português foi informado pelos serviços de informações norte-americanos, opor intermédio da embaixada em Lisboa, através de uma comunicação que terá sido feita diretamente ao primeiro-ministro, António Costa, em agosto passado.
Este caso é considerado de "extrema gravidade" e terão sido os ciberespiões da Inteligência norte-americana a detetar "à venda na darkweb centenas de documentos enviados pela NATO a Portugal, classificados como secretos e confidenciais".
Contactado pela agência Lusa, o gabinete do primeiro-ministro, que está a acompanhar diretamente este caso, referiu que, para já, "nada mais tem a adiantar" face àquilo que transmitiu ao Diário de Notícias sobre este caso.
"O Governo pode garantir que o Ministério da Defesa Nacional e as Forças Armadas trabalham diariamente para que a credibilidade de Portugal, como membro fundador da Aliança Atlântica, permaneça intacta", referiu fonte do gabinete de António Costa.
Adianta-se, igualmente, que "a troca de informação entre aliados em matéria de segurança da Informação é permanente nos planos bilateral e multilateral".
"Sempre que existe uma suspeita de comprometimento de cibersegurança de redes de sistema de informação, a situação é extensamente analisada e são implementados todos os procedimentos que visem o reforço da sensibilização em cibersegurança e do correto manuseamento de informação para fazer face a novas tipologias de ameaça. Se, e quando, se confirma um comprometimento de segurança, a subsequente averiguação sobre se existiu responsabilidade disciplinar e/ou criminal automaticamente determina a adoção dos procedimentos adequados", acrescenta-se na resposta dada ao Diário de Notícias.
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