Segundo a APG/GNR, o ministro José Luís Carneiro, na sexta-feira, em resposta aos jornalistas, na cerimónia de Compromisso de Honra de 921 novos agentes da PSP, "terá afirmado que sente as forças de segurança 'muito mobilizadas' e que as manifestações de descontentamento são 'posições isoladas' que 'não correspondem ao sentimento geral'".
"São declarações que contrariam a realidade e, das duas uma, ou o senhor ministro vive noutro país ou anda a ouvir só e apenas as chefias", refere aquela associação em comunicado.
Acrescenta que o governante, "a fazer fé nas notícias veiculadas pela imprensa, referiu-se ao que viu e ouviu nas esquadras da PSP, não mencionando sequer os postos da GNR, optando por generalizar e falar em 'forças de segurança muito mobilizadas'".
"Ora, nem acreditamos nessa motivação toda na PSP, nem acreditamos que o senhor ministro tenha muito interesse em ouvir os profissionais da GNR", vincou a APG/GNR.
E prossegue: "Acreditará o senhor ministro que numa qualquer visita a um posto ou esquadra, devidamente programada, algum profissional vai dizer o que sente, sujeitando-se a um qualquer procedimento disciplinar?".
A associação lembra que já propôs que as visitas sejam realizadas sem aviso prévio, pois certamente que, se tal acontecesse, o governante "iria encontrar cenários totalmente diferentes e ver o bom e o mau que existe e que, em regra, é escondido".
A APG/GNR desafia o ministro da Administração Interna "a falar com os profissionais, mas dando indicações para falarem à vontade sem receio de represálias, sem receio do Código de Justiça Militar, sem a presença do topo das hierarquias".
"Perceberia rapidamente que está enganado nas suas conclusões. Ou, em alternativa, poderia, no mínimo, valorizar as preocupações que a APG/GNR tem feito chegar ao seu conhecimento e que não têm merecido resposta", lê-se.
Ainda de acordo com a nota, "sem medo, com razão e coragem, no próximo dia 21 de outubro os profissionais das forças de segurança estarão junto à residência do Presidente da República", onde realizarão uma ação de protesto.
A APG/GNR exorta à participação de todos os profissionais da Guarda na iniciativa.
"Se há vontade de varrer o descontentamento para debaixo do tapete, este é o momento de agir, de pôr um ponto final no absoluto desprezo que tem existido por aqueles que garantem a segurança do país", remata.
A APG/GNR anunciou a realização, este mês, de vigílias e de uma manifestação devido ao "grande descontentamento e desmotivação" do efetivo da GNR e pela "constante desconsideração" do Governo.
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