"Somos portugueses e temos de nos apresentar como tal", disse à agência Lusa José Rebelo de Lima, 76 anos, com a bandeira portuguesa a cobrir-lhe o corpo.
Morador em Braga, aproveitou uma visita a Lisboa para assistir às comemorações do 112.º aniversário da implantação da República, mas o seu objetivo é maior: "Quero visitar o interior da Câmara Municipal de Lisboa".
Enquanto isso não é possível, regozija-se com a possibilidade de estar próximo dos governantes de Portugal. "Aqui nós podemos vê-los bem perto, o que é difícil nos outros dias".
Outro momento especial para este septuagenário é o içar da bandeira portuguesa e, a este propósito, recorda sorridente o episódio em que a bandeira foi içada ao contrário, na altura em que Cavaco Silva era o Presidente da República.
Sobre o regime republicano, não tem dúvidas de que é o melhor, apesar de agora se falar muito em monarquias, por causa do funeral da rainha Isabel II.
"É o que temos. Não vale a pena discutir isso, porque é o que temos", disse, lamentando que uma data tão importante como o 05 de Outubro seja tão pouco falada. "Tenho um neto com 14 anos e não sabe nada disto. É só telemóveis".
Igualmente atento e confortável na primeira fila para assistir à cerimónia, Manuel Nunes, 65 anos, é um espetador habitual desta cerimónia, recentemente interrompida e condicionada devido à pandemia de covid-19.
"Gosto de ver os meus representantes. Faço parte de uma cerimónia que tocou pela primeira vez "A Portuguesa"", contou.
Para Manuel Nunes, o som das bandas emociona-o. "Até arrepia", frisou. Por isso, quando o hino nacional é interpretado, sente que está a vivenciar um momento importante.
Gosta especialmente de ver os representantes do povo na varanda da Câmara Municipal de Lisboa, onde, há 112 anos, foi proclamada a República portuguesa.
E dos Paços do Concelho vai para o Palácio de Belém, onde a festa da República continua. Manuel Nunes destaca a abertura que o Presidente Marcelo tem promovido, ao contrário de Cavaco Silva, de quem "toda a gente tinha medo".
"Cavaco fechou, mas Marcelo abriu. Marcelo Rebelo de Sousa extravasou tudo", disse, congratulando-se com a forma "popular" do chefe de Estado.
De passagem por Lisboa, que visita pela primeira vez, a canadiana Kerri Alderson foi apanhada pela cerimónia quando procurava uma loja para trocar dinheiro.
À Lusa, contou que pouco sabe da implantação da República, mas sabe que é um dia feriado e importante.
Acha graça ao tempo que os populares esperam para ver os seus governantes, mas afirma que é importante existirem governantes populares, ao contrário do primeiro-ministro do seu país, cujas atitudes de "playboy" parecem agradar cada vez menos.
"Gosto que os políticos interajam com a população, mas de uma maneira séria. O nosso primeiro-ministro faz tudo em demasia. O seu comportamento não é digno do cargo que ocupa", lamentou.
E também ela optou por esperar e ver a banda tocar, enquanto iniciava o desfile de personalidades para a cerimónia oficial da implantação da República portuguesa.
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