"Preocupa-nos muito a instabilidade naquela região, que tem vindo a piorar nos últimos anos e meses e, em relação ao Burkina Faso, não acreditamos que se tenha dado um passo positivo", disse o ministro, questionado pelos jornalistas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros português está em Paris para visitas à UNESCO, ao Museu do Louvre e para um encontro bilateral com a sua homóloga francesa, Catherine Colonna, na sexta-feira.
A 30 de setembro, o Burkina Faso sofreu o seu segundo golpe de Estado em 2022, após outro golpe a 24 de janeiro liderado pelo ex-presidente de transição, o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba. O novo líder do país é oficialmente o capitão Ibrahim Traoré, que liderou o golpe na passada sexta-feira.
Para o ministro português, esta região necessita de uma intervenção de fundo, não só a nível militar, mas também humanitário.
"O Burkina Faso é um exemplo da tremenda fragilidade que afeta todos os países desta região. Estamos convencidos que só uma intervenção de fundo, que tenha uma dimensão militar e promoção do desenvolvimento e humanitária pode corresponder. O golpe militar não vai responder aos problemas de fundo que se colocam ao Burkina Faso, tal como os dois golpes militares no Mali não corresponderam às necessidades daquele país", explicou João Gomes Cravinho.
Já a presença da Rússia nesta região, através do mercenário da empresa Wagner, tem sido "um factor desestabilizador, nocivo", já que estas forças paramilitares não estão no terreno para garantir a paz ou segurança das populações, mas sim para se aproveitarem dos recursos naturais destes países.
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