Discursando no lançamento da campanha Pirilampo Mágico 2022, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa desafiou "cada portuguesa e cada português, nos CTT, 'online', no Montepio, em ligação com a Fenacerci e com as CERCI dê esse pequeno contributo" e pediu que sejam "especialmente generosos", num ano em que "lhes custa um bocadinho mais".
Marcelo Rebelo de Sousa apontou que esta campanha chega diretamente a "mais de 25 mil pessoas" com deficiência intelectual ou multideficiência que são apoiadas pelas CERCI, e "indiretamente serve muitos mais".
"Era mais fácil de pedir num ano mais desafogado, não é o caso, mas é nas ocasiões difíceis que as pessoas devem pensar nos que mais sofrem", defendeu, apontando que "é ano de crise económica, financeira e social para muitos por causa da guerra, mais por causa da pandemia, mais por causa das situações que têm, mais longas, menos longas, vindas do passado".
O chefe de Estado salientou que "aqueles que são destinatários do contributo são dos que mais sofrem, dos que menos capacidade para por si próprios enfrentar esse sofrimento".
O Presidente da República disse concordar com o desafio deixado pelo presidente do Conselho de Administração da RTP, Nicolau Santos, que estabeleceu a fasquia de chegar ao milhão de Pirilampos vendidos. Em média, são vendidos anualmente 700 mil destes objetos.
"Para o ano, quando nos encontrarmos, diremos que compraram mais que um milhão, pelo menos um milhão, atingimos praticamente 25 milhões desde 1987", ano em que a campanha foi lançada pela primeira vez, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, que terminou com a sua intervenção apelando: "a luta continua, o Pirilampo Mágico vencerá".
No seu discurso, e recuando ainda ao ano em que o Pirilampo Mágico foi criado, 1987, o chefe de Estado destacou o papel da rádio e televisão públicas na dinamização desta iniciativa, considerando que "transformaram a campanha e a expectativa em torno da campanha num fenómeno nacional, ano após ano, chegando a todos os pontos do país", numa altura em que "não havia os meios de comunicação social de hoje".
"E o enorme mérito que era transformar esta causa, que era uma causa pública, uma causa social, uma causa coletiva, numa causa de todos os portugueses, porque não era", considerou o Presidente, sustentando que "no início dos inícios havia quem não assumisse isto como uma causa nacional mas como uma causa pessoal ou familiar, assumindo-a ou disfarçando-a, fazendo de conta que não existia".
Marcelo Rebelo de Sousa destacou que o Pirilampo Mágico "foi essencial" nessa matéria e um "exemplo de como uma pequenina coisa ajuda a mudar a mentalidade coletiva", questionando "como é que um boneco", uma "coisa tão pequena, muda de forma tão profunda a vida das pessoas", apontando que "sem a RTP isso não era possível".
Mas, alertou, "o problema não deixou de ser um grande problema", indicando que "há hoje soluções que não havia, há leis que não havia, há saídas que não havia, há sensibilidade de empresas que não havia, há sensibilidade da administração pública que não havia, mas ainda é pouco".
O Presidente da República considerou também que este ano este boneco com dois grandes olhos e uma antena "é simbólico" porque tem a "cor do problema máximo deste tempo", "azul petróleo".
Na sua intervenção, o Presidente da República agradeceu à antiga primeira-dama Maria Cavaco Silva, que também esteve presente no lançamento do Pirilampo Mágico deste ano, pelo apoio a esta iniciativa ao longo de vários anos.
O Pirilampo Mágico pode ser adquirido a partir de sábado e tem o custo de dois euros.
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