Marcelo sobre abusos foi infeliz, mas 'ajuda' de Costa foi "oportunista"

Para Marques Mendes o tema dos abusos sexuais na Igreja é "sensível e delicado" e crê que Marcelo não tinha intenções de o reduzir a uma "questão aritmética". Abordou ainda o Orçamento do Estado e as situações de incompatibilidades no Governo.

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Marta Amorim
16/10/2022 23:39 ‧ 16/10/2022 por Marta Amorim

País

Marques Mendes

Luís Marques Mendes considerou, no seu habitual espaço de comentário na SIC, que as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa sobre os abusos sexuais na Igreja foram "uma infelicidade, e não foi pequena". 

"Toda a gente na sua vida - pública e profissional - tem dias melhores e piores. E na terça-feira passada foi um dia mau para o Presidente da República. Não devia ter acontecido. Sobretudo porque o tema abusos sexuais na Igreja não é um tema qualquer", começou por dizer. 

Para o comentador, este é um tema "sensível e delicado", e acredita que Marcelo não tinha intenções de o reduzir a uma "questão aritmética".

Quanto ao pedido de desculpas dado por Marcelo - já na quinta-feira- "é um ato de dignidade,  necessário", e que sanou o assunto. 

Já sobre o 'salvamento' de António Costa, que veio a público colocar-se ao lado de Marcelo na polémica das declarações, Marques Mendes considera que este teve uma "parte genuína, e outra parte de interesse".

"Quando [António Costa] diz que o Presidente não quis desvalorizar a situação é genuíno, mas há outra parte que é interesse", diz, frisando que defender Marcelo foi uma forma de este "ficar a dever um favor" ao Primeiro-ministro. Por fim, Marques Mendes diz que situação não é boa para nenhum dos dois, porque para Costa passa uma ideia de "oportunismo", e Marcelo de que estava "em dificuldades". 

Recorde-se que na terça-feira, questionado sobre a recolha de 424 testemunhos de abusos sexuais contra crianças na Igreja Católica em Portugal, o Presidente da República afirmou não estar surpreendido, salientou que "não há limite de tempo para estas queixas" que têm estado a ser recolhidas, algumas relativas "há 60 ou há 70 ou há 80 anos".

Face às críticas que as suas declarações suscitaram - foram condenadas de imediato nas redes sociais incluindo por dirigentes e deputados de PS, Chega, IL, BE, PAN e Livre -, o chefe de Estado divulgou uma nota a afirmar "este número não parece particularmente elevado face à provável triste realidade, quer em Portugal, quer pelo mundo", admitindo que "terá havido também números muito superiores em Portugal".

Depois, o Presidente da República falou para a RTP e para a SIC a reforçar a mesma mensagem, reiterando que 424 queixas lhe parece um número "curto", declarando que aceita democraticamente as críticas que recebeu, mas não as compreende.

Por fim, acabou mesmo por pedir desculpa às vítimas que possa ter ofendido.

"Há um certo regresso da austeridade",

Sobre o Orçamento de Estado apresentado na passada semana, Luís Marques Mendes diz que este é dividido pelas partes, externa, e interna, para os mercados e para os portugueses, considerando-o como "prudente", no que toca à primeira parte. 

"Marca identitária do OE é a virada para fora", considerou. Quanto à parte interna, é "tentar dar qualquer coisinha aos vários setores da sociedade", não sendo bem sucedido. 

"Classe média, pensionistas e funcionário públicos vão ser penalizados nestes dois anos", alerta, sendo que a razão é "falta de dinheiro", uma vez que há a preocupação de reduzir o défice - sendo esse um marco distintivo. 

na parte económica, "é mais do mesmo". "Não há uma lufada de ar fresco, é uma certa desilusão", atira. Referindo-se depois aos apoios sociais, o comentador vê o OE como "desigual", e que o discurso não parece "verdadeiro".

"No tempo da Troika, houve cortes nominais, porque havia uma imposição. Agora não há cortes no sentido nominal mas há cortes por causa da inflação, que é na prática um imposto escondido. Portanto, há um certo regresso da austeridade", afirmou no seu espaço semanal de comentário. 

Para Marques Mendes, apesar de provavelmente não haver outra opção do que a tomada pelo Governo, o discurso deste deveria ser mais sincero e "realista".

Lei das incompatibilidades “é necessária, é obrigatória”

Por fim, sobre a polémica sobre a lei das incompatibilidades, o antigo líder do PSD referiu que que não tem esperanças de resultados significativos do debate sobre a mesma.

“Acho bem [o debate], mas também devo dizer a minha opinião com toda a franqueza – que acho que isto não vai ter resultado nenhum. Não espero resultado nenhum", afirmou. Ainda assim, considera que “se há dúvidas de interpretação com algumas situações que têm vindo a público, há uma entidade em Portugal que pode esclarecer essas dúvidas: o Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República”.

Marques Mendes assevera que esta lei das incompatibilidades “é necessária, é obrigatória” e que lhe faz “imensa impressão haver um membro do Governo que é sócio de uma sociedade e que essa sociedade faz negócios com o Estado.”

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