"Contributo para NATO é mais do que apenas percentagem do PIB investido"
A ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, defendeu hoje que Portugal vê o contributo para a NATO "como mais do que apenas a percentagem de PIB investido em equipamento", salientando a importância do investimento em "capacidades e conhecimento".
© Global Imagens
País Helena Carreiras
"Numa altura em que o debate sobre as contribuições dos Aliados perdura, também é importante reiterar que nós vemos as contribuições para a NATO como mais do que apenas a percentagem de PIB investido em equipamento. A disposição para providenciar capacidades, conhecimento e outros recursos deve ser considerado a par com outras medidas de escala", afirmou.
Helena Carreiras falava na inauguração do primeiro centro de excelência da NATO em Portugal, no âmbito da informação Marítima Geoespacial, Meteorológica e Oceanográfica (MGEOMETOC COE), sediado no Instituto Hidrográfico, em Lisboa.
"Acreditamos que é a nossa responsabilidade contribuir para a posição da Aliança no campo em rápida evolução do conhecimento oceanográfico e garantir que temos a informação e as capacidades necessárias para as nossas tarefas essenciais: dissuasão e defesa, prevenção e gestão de crises e segurança cooperativa", acrescentou.
Momentos mais tarde, em declarações aos jornalistas, Helena Carreiras foi novamente questionada sobre as críticas de Moscovo à decisão do Governo português de enviar seis helicópteros de combate a incêndios para a Ucrânia, de origem russa, dizendo que se trata de uma "violação das suas obrigações contratuais".
Interrogada sobre que cláusulas contratuais é que poderiam estar em causa, a governante não quis fazer comentários adicionais sobre a matéria: "Não vou comentar nenhum 'tweet' que tenha sido divulgado hoje. Quero apenas reafirmar a total e firme decisão de Portugal de continuar a apoiar a Ucrânia e os ucranianos na sua determinação, pela soberania, pela independência e por manter o seu território como um espaço de liberdade para o seu povo", vincou.
Segundo a governante ainda não há uma "data concreta" para o envio destes helicópteros, estando a decorrer "operações logísticas" anteriores à entrega, como "limpezas de resíduos, retirada e certos elementos para empacotar", entre outras.
Sobre a missão de treino da União Europeia que visa treinar soldados ucranianos e na qual Portugal vai participar, Helena Carreiras disse ainda não ter números concretos sobre quantos militares portugueses poderão vir a estar envolvidos, dizendo que a missão está a ser planeada.
"Portugal vai participar contribuindo com um conjunto de formadores provavelmente a enviar para a Polónia ou Alemanha, ou um país onde seja decidido desenvolver esse tipo de formações. Já pedi e recebi do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas um memorando com um conjunto de áreas em que poderemos vir a colaborar, algumas delas já tinham vindo a ser referidas anteriormente, antes da missão estar prevista. Esses detalhes estão ainda a ser ultimados", respondeu.
Já quanto à participação de militares ucranianos em atividades de formação em Portugal, nomeadamente em carros de combate, Helena Carreiras salientou que se trata de uma "oferta anterior a esta missão" e que até ao momento não foi solicitada essa formação.
Questionada sobre a suspensão do 138.º curso de Comandos do Exército, após várias hospitalizações, uma delas que levou a um transplante de fígado de um militar -- que entretanto já teve alta -- Helena Carreiras disse que ainda está à espera de relatórios médicos e aguarda-se o "próprio testemunho" do militar para terminar o processo de averiguações.
O primeiro centro de excelência da NATO em Portugal, hoje inaugurado, foi criado em 10 de setembro de 2020, com a assinatura de memorando entre as quatro nações patrocinadoras (Portugal, Roménia, Espanha e Turquia), que contribuem para a sua edificação, gestão e operacionalização.
O apelo deixado hoje pela ministra da Defesa é de que mais países aliados se possam juntar a esta participação.
A 26 de agosto de 2021, o Centro foi acreditado pela NATO e ativado como órgão militar internacional.
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