Várias escolas de Coimbra encerradas devido à greve dos professores
Várias escolas do concelho de Coimbra estão hoje encerradas devido à greve dos professores contra a proposta do Orçamento do Estado para 2023, com a Fenprof a falar de "indicadores muito positivos" da adesão à luta.
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País OE2023
Às 9h em ponto, uma funcionária da Escola Básica da Solum, no centro de Coimbra, comunicava às dezenas de pais que aguardavam à entrada do estabelecimento que não haveria aulas, mantendo-se aberta apenas para os alunos inscritos no centro de atividades de tempos livres (ATL).
"Não há escola", repetiu várias vezes aos pais que se encaminhavam para a porta do estabelecimento, levando de seguida a uma debandada geral dos encarregados de educação e crianças daquela escola com 253 alunos e 11 turmas.
De acordo com o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, a situação repetiu-se em várias outras escolas do concelho, com especial incidência para estabelecimentos do primeiro ciclo.
As escolas de primeiro ciclo do Agrupamento Alice Gouveia, a Escola Secundária Quinta das Flores, as escolas básicas do Bairro Norton de Matos, Santa Apolónia e Trouxemil foram alguns dos exemplos dados pelo dirigente sindical, realçando que, no caso da Escola Básica da Solum, uma das maiores do concelho no que toca a 1.º ciclo, será "uma das primeiras vezes que fica encerrada".
"Temos informação de muitas escolas encerradas", disse Mário Nogueira, referindo que, no caso das escolas secundárias, não havendo greve de funcionários, a maioria poderá manter-se aberta mesmo com níveis de adesão de 90%.
No caso das escolas primárias, apenas aquelas que tiverem ATL continuarão a funcionar, mas apenas para esse serviço.
Joana Madeira estava à espera em frente da Escola Básica da Solum, para perceber se teria de deixar o seu filho, que frequenta o 3.º ano, na casa dos avós, ao contrário de outros pais, que reconhece que não terão essa possibilidade.
Apesar disso, vincou que compreende a luta dos professores, notando uma perda de respeito e condições de trabalho dos docentes.
"Nesta escola, não se sente a falta de professores, mas provavelmente em escolas periféricas isso poderá acontecer e essa precariedade de mudança de professores, para as crianças, nem sempre é positiva", realçou.
Ilídio Simões, que acompanhava a filha que frequenta o 3.º ano, decidiu tirar uma folga, antevendo a possibilidade de a escola encerrar.
O encarregado de educação afirmou que a greve "atrapalha sempre um bocadinho a vida de quem trabalha", mas sublinhou que "todos têm de lutar pelos seus direitos".
"Eles têm que lutar pelos direitos deles. Fazem bem em fazer greve", disse outra encarregada de educação, que também aguardava junto à escola.
A greve acontece no dia em que o ministro é ouvido no parlamento sobre a proposta do Orçamento do Estado para 2023 para a área da educação.
"O ministro vai estar no parlamento a defender o que nós dizemos ser indefensável, que é um Orçamento do Estado prever um corte de 600 milhões de euros, num país em que a OCDE veio dizer que estamos a dois mil milhões de euros da despesa média dos países da OCDE. Mesmo com a transferência dos funcionários para as câmaras [no âmbito do processo de transferência de competências para os municípios] não se justificava o corte, mas sim um reforço", notou Mário Nogueira.
Para o líder da Fenprof, a falta de professores tenderá a agravar-se, por não haver "investimento destinado a corrigir as distorções que hoje existem nas carreiras", agravado pelo atual momento de aumento do custo de vida.
"Encontrei uma professora que foi colocada em Cascais, mas que ficou no desemprego porque não tinha dinheiro para se deslocar para Cascais para poder dar aulas. Há professores, hoje em dia, que não estão a dar aulas não por doença, não por não quererem, mas porque o seu salário não chega para a despesa que vão ter onde são colocados", alertou.
Leia Também: Greve dos professores com adesão a rondar os 90%
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