Na sessão de abertura do ano académico do Instituto da Defesa Nacional (2022/2023), em Lisboa, presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e na qual estiveram presentes os chefes dos três ramos militares, Helena Carreiras citou o relatório "Tendências Transatlânticas", patrocinado pelo German Marshall Fund e pela Fundação Bertelsmann.
"Salientaria apenas alguns resultados do relatório 'Tendências Transatlânticas' com base numa sondagem realizada recentemente em 14 países, e que demonstram bem de que lado estamos: 65% dos portugueses inquiridos consideram o papel da NATO como muito importante no atual contexto securitário, ao passo que 69% consideram a UE [União Europeia] como muito importante para a segurança nacional", salientou.
Para a governante, "ainda mais relevante é o facto de 90% apoiar de forma esmagadora a adesão da Finlândia e da Suécia à NATO".
"Estes dados revelam um apoio nacional resoluto à Ucrânia, mas cuja manutenção dependerá da forma como enfrentemos campanhas de desinformação que visam distorcer factos e narrativas sobre o curso da guerra, assim como a responsabilidade da Rússia pelas suas consequências", sustentou.
Helena Carreiras frisou que as consequências geopolíticas decorrentes do conflito "têm sido consideráveis, exemplificadas pela resiliência e coesão da União Europeia e da NATO face à ameaça russa, e devidamente expressas em novos documentos orientadores, como a Bússola Estratégica ou o novo Conceito Estratégico da Aliança Atlântica".
A governante destacou o apoio logístico e contributo dado pelo Instituto da Defesa Nacional (IDN) -- instituição que presidiu desde julho de 2019 até tomar posse - para a revisão do Conceito Estratégico português, trabalho atualmente em curso.
"O ciclo de eventos que o IDN se encontra a organizar por todo o país, já mencionados pela senhora diretora [Isabel Nunes], e que integram também o programa da IV edição do Seminário de Defesa Nacional a ter lugar a 18 de novembro, representa um contributo chave para assegurar a apropriação nacional desta reflexão, reforçando a legitimidade do documento final que venha a ser apresentado", sublinhou.
Momentos antes, Isabel Nunes, diretora do IDN revelou que este instituto tem atualmente 16 cursos, "cinco dos quais em parceria com instituições do Ensino Superior e três de estudos pós-graduados".
A académica afirmou que, em 2023, o IDN vai desenvolver estudos e "respostas à crise e à segurança energética", acompanhando a "evolução das estratégias adotadas no contexto energético e climático", irá equacionar "o lugar da China na nova ordem internacional", analisar "o imperativo de uma necessária reforma das Nações Unidas" bem como "a participação de Portugal em missões internacionais", entre outros temas.
"A resiliência de uma democracia mede-se também pela qualidade da educação e da formação. E esta deve traduzir-se numa cidadania participativa, na segurança, na defesa e na paz", frisou.
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