"Está prevista a movimentação da locomotiva CP 294 na madrugada do próximo dia 12 de novembro de 2022 [sábado]", disse fonte oficial da CP à Lusa, referindo-se à locomotiva que irá para a Guarda, "de acordo com um protocolo entre a FMNF [Fundação Museu Nacional Ferroviário] e a autarquia dessa cidade, onde irá ser restaurada e colocada numa rotunda".
Segundo a CP, a operação de movimentação da locomotiva "será feita durante a noite com interrupção da linha geral na estação de Vila Nova de Gaia para que a locomotiva 294 e o 'tender' [vagão-reboque] sejam rebocados, acompanhados pela equipa dos Comboios Históricos da CP para a linha de estaleiro da DST", empreiteiro das obras que atualmente decorrem no local.
"Nesta linha será carregada para camiões que a transportarão até à Guarda", adiantou fonte oficial da CP à Lusa.
Segundo a transportadora, atualmente estão nas Devesas seis locomotivas a vapor do início do século XX: a 072, com o peso de 84,3 toneladas (ton), fabricada pela empresa suíça Winterthur, em 1916, a 0184 (98,0 ton, fabricada pela Henschel em 1924), a 0190 (98,0 ton, da Henschel, de 1924), a 282 (63,395 ton, da Henschel, de 1910), a 294 (64,345 ton, Henschel, de 1913) e a 701 (65,500 ton, da Schwartzkopff, de 1912).
"Estas locomotivas deixaram de operar em meados da década de 70 e estão parqueadas em Gaia desde o início da década de 90" do século passado, pode ler-se na resposta da CP à Lusa.
Segundo a CP, o Museu Nacional Ferroviário, sediado no Entroncamento (distrito de Santarém), "manifestou inicialmente interesse em três destas locomotivas", tendo selecionado "apenas uma", a 294, para ir para a Guarda.
"A deslocação das restantes locomotivas para outro local encontra-se em avaliação, não tendo ainda sido tomada uma decisão", segundo a CP, que também adiantou que, "neste momento, não está prevista a alocação de outras locomotivas a outros espaços".
A transportadora ferroviária nacional disse ainda que "duas destas locomotivas estão a ser utilizadas para aproveitamento de peças para a manutenção da locomotiva do comboio Histórico do Douro".
Questionada sobre se algumas das locomotivas têm danos irreversíveis, a CP respondeu que "infelizmente as locomotivas em causa estão abandonadas há cerca de 50 anos, sem que tenham tido qualquer tipo de intervenção quanto à manutenção do seu estado de conservação".
"Por isso, o restauro não é viável para a recolocação em condições de circulação, uma vez que implicaria custos idênticos ou superiores a uma locomotiva nova. No entanto, todas elas poderão ser restauradas para fins estáticos e expositivos, mesmo replicando algumas peças em falta", conclui a CP.
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