Jovem da Figueira da Foz é julgada em Coimbra por morte do namorado

O Tribunal de Coimbra começa a julgar na quinta-feira uma jovem de 22 anos, da Figueira da Foz, suspeita de espetar uma faca na perna do namorado, durante um conflito físico entre o casal, que levou à morte do seu companheiro.

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Lusa
16/11/2022 15:06 ‧ 16/11/2022 por Lusa

País

Violência doméstica

A morte do jovem de 23 anos ocorreu na madrugada de 7 de março de 2021, na Figueira da Foz, após um confronto físico entre o casal, que, segundo o Ministério Público, foi sempre marcado por episódios de violência física de parte a parte desde o início do namoro, em 2019.

A arguida é acusada de ofensa à integridade física grave, agravada pelo resultado (a morte da vítima).

De acordo com a acusação a que a agência Lusa teve acesso, os dois viviam numa pequena habitação que era propriedade do pai da arguida, sendo regulares as discussões e confrontos, especialmente quando ambos tinham ingerido álcool em excesso.

A 06 de março de 2021, o casal esteve numa festa de familiares e amigos, tendo regressado a casa às 01:00 do dia do seguinte, já depois de terem ingerido algumas bebidas.

Na habitação, arguida e vítima começaram uma "violenta discussão", por motivos que o Ministério Público não conseguiu apurar.

Na sequência dessa discussão, a arguida sofreu várias lesões na face, nos braços e na perna esquerda, tendo sido também registadas escoriações e hematomas no namorado fruto desse conflito.

A jovem, "sentindo-se ameaçada" face ao escalar do confronto, decidiu refugiar-se na cozinha (divisão onde se situa a porta de acesso ao exterior) e pegou numa faca da cozinha, com uma lâmina de cerca de 17 centímetros.

Mesmo com a arguida a empunhar a faca, o namorado decidiu avançar na sua direção, tendo iniciado uma "luta corporal pela posse da faca", conta o Ministério Público (MP).

No meio da confusão, a arguida acabou por espetar a faca na coxa esquerda da vítima, provocando uma ferida com cerca de dez centímetros de profundidade, que atingiu a veia femoral, provocando-lhe um choque hemorrágico.

Segundo o MP, a arguida abandonou o local e foi para a via pública, tendo retornado 15 minutos depois à habitação, deparando-se com o ofendido caído no chão, a sangrar abundantemente.

A jovem terá tentado estacar o sangramento, fazendo um garrote na perna com uma toalha e fez uma chamada para o Hospital da Figueira da Foz, a pedir auxílio, que não foi atendida.

De seguida, telefonou ao pai da vítima e começou a limpar o sangue do chão.

Às 2:48, quando o pai do ofendido chegou, o jovem já estava inconsciente e apresentava os lábios roxos e olhos cerrados, tendo ligado ao 112.

Às 3:22, após tentativas sem sucesso de suporte básico de vida no local, foi declarado o óbito do jovem.

Leia Também: Feminicídios. Demora em processos "pode determinar" sobreviventes

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