Num comentário, na RTP3, às conclusões da conferência da ONU sobre o clima, que terminou na madrugada de hoje em Sharm el-Sheikh, no Egito, Duarte Cordeiro concordou que, na área da mitigação, se não houve recuos também não houve avanços.
E salientou as dúvidas que existem de que, com os atuais compromissos dos países de reduzir os gases com efeito de estufa (GEE), se contenha o aumento da temperatura global em 1,5ºC (graus celsius), uma meta do Acordo de Paris sobre o clima em 2015 e que na conferência do Egito os países mantiveram como objetivo.
Na conferência da ONU, que durou mais de duas semanas, foi aprovado um acordo para a criação de um fundo para financiar perdas e danos climáticos de países pobres e vulneráveis, uma ambição dos países do sul global e um dos temas mais importantes da conferência.
Mas não foram feitos avanços substanciais na redução de emissões de GEE, algo que nomeadamente o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e o vice-presidente da União Europeia, Frans Timmermans, lamentaram.
Na entrevista, no programa de informação 360º, Duarte Cordeiro saudou a criação do fundo para perdas e danos, mas alertou para a falta de ambição dos compromissos de redução de GEE.
Duarte Cordeiro considerou que a União Europeia esteve bem, pressionando para aumentar essa ambição, nomeadamente de se chegar ao pico das emissões de GEE já em 2025, e apresentou ela própria "mais responsabilidades". E lamentou que um conjunto de países tivesse procurado que não se registassem os avanços desejados.
Duarte Cordeiro salientou ainda que nesta matéria Portugal é dos países "mais progressistas" a nível europeu, nomeadamente nas energias renováveis, e reafirmou que o país pode mesmo antecipar metas, uma delas chegar a 80% de energias renováveis já em 2026.
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