O Parlamento Europeu aprovou, esta quarta-feira, uma resolução que classifica a Rússia como um estado 'patrocinador de terrorismo'. Contaram-se 494 votos a favor, 58 contra e 44 abstenções.
PSD e CDS votaram a favor, o Bloco de Esquerda absteve-se - tal como quatro eurodeputados socialistas (Margarida Marques, Maria Manuel Leitão Marques, Isabel Carvalhais e Isabel Santos) - e o PCP votou contra.
A mesma resolução prevê ainda que o Conselho Europeu inclua na lista de organizações terroristas a organização paramilitar russa 'Grupo Wagner', bem como o 141.º Regimento Especial Motorizado, também conhecido como 'Kadyrovites', entre outros grupos, milícias e forças aliadas ao Kremlin.
Anteriormente, o PCP também votou contra outras propostas no Parlamento Europeu que procuram aumentar a pressão sobre o Kremlin devido à invasão russa da Ucrânia.
Posteriormente, num comunicado às redações onde justificam o voto contra a proposta em questão no Parlamento Europeu, os eurodeputados do PCP dizem integrar-se "na política de confrontação e guerra que tem vindo a ser promovida na Europa, visando o seu agravamento e prolongamento".
Uma proposta que, acusam os comunistas, "instiga à continuação da guerra; visa obstaculizar, ou mesmo impossibilitar, o necessário diálogo com vista à resolução pacífica do conflito; e anima o prosseguimento da política de confrontação, cerco e isolamento da Rússia, dificultando possíveis entendimentos entre as partes e o apaziguamento e normalização das relações no plano internacional".
O PCP acusa ainda o Parlamento Europeu de "seguir os passos" dos Estados Unidos, que, faz questão de recordar no comunicado, mantiveram até 2008 na sua dita 'lista de terroristas' o ex-Presidente da África do Sul, Nelson Mandela. "Exemplos que atestam da ilegitimidade, carácter instrumental e hipocrisia de tais ditas 'listas'", apontam.
"Entre outros aspetos profundamente negativos da resolução, saliente-se o intuito de atribuir um pretenso e ilegal carácter extraterritorial à política de confrontação e guerra, que o Parlamento Europeu procura fomentar, ao solicitar à Comissão e aos Estados-Membros que considerem possíveis medidas contra países terceiros que tenham uma posição própria sobre o relacionamento com a Rússia e as sanções impostas pela UE, apelando abertamente e de forma inaceitável à pressão e chantagem sobre estes países", continuam os comunistas, depois de apontar, "no seu cínico afã" que o Parlamento Europeu "feche os olhos à ilegal ocupação de territórios da Palestina e à opressão do povo palestiniano por parte de Israel, à guerra no Iémen, às guerras dos EUA, da NATO e dos seus aliados contra a Jugoslávia, o Iraque, o Afeganistão, a Líbia ou a Síria, e o seu rol de morte, sofrimento, destruição e milhões de deslocados e refugiados".
"É necessário defender o diálogo com vista à paz, olhando às causas do conflito, e não instigar e alimentar uma escalada de consequências imprevisíveis, para o que esta resolução, e o caminho que aponta, contribui", concluem os comunistas na nota informativa.
Em março deste ano, os eurodeputados comunistas votaram contra uma resolução de condenação às acções militares da Rússia contra a Ucrânia, que acabou aprovada com 637 votos a favor, 26 abstenções e 13 votos contra. Na altura, os comunistas argumentaram que a resolução “instiga a escalada de confrontação”, onde NATO e UE “tiveram também uma responsabilidade”.
[Notícia atualizada às 17h12]
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