O Ministério dos Negócios Estrangeiros português condenou, esta terça-feira, a decisão talibã de proibir as mulheres no Afeganistão de trabalhar em organizações não governamentais nacionais e internacionais.
"Portugal condena veementemente a decisão talibã de proibir as mulheres de trabalhar em ONGs, a qual se soma às restrições ao direito ao trabalho e à educação, apagando-as do espaço público", começa por ler-se numa nota divulgada no Twitter oficial da tutela liderada por João Gomes Cravinho.
Para o Governo português, "esta restrição terá consequências pesadas para muitos afegãos que carecem de assistência".
Recorde-se que a decisão foi anunciada no sábado pelo Ministério da Economia afegão. Embora não afete diretamente a ONU, impossibilita muitos dos seus programas de ajuda, uma vez que são levados a cabo por ONG afetadas pela medida.
Portugal condena veementemente a decisão talibã de proibir as mulheres de trabalhar em ONGs, a qual se soma às restrições ao direito ao trabalho e à educação, apagando-as do espaço público. Esta restrição terá consequências pesadas para muitos afegãos que carecem de assistência.
— Negócios Estrangeiros PT (@nestrangeiro_pt) December 27, 2022
À AFP fonte do ministério da Economia, disse que em causa estão "queixas graves" de que as mulheres não seguiam um código de vestuário adequado.
"Há queixas graves relativas ao não respeito do hijab islâmico e de outras regras e regulamentos relativos ao trabalho das mulheres nas organizações nacionais e internacionais", afirmou o ministro encarregado de aprovar as licenças das ONG a operar no Afeganistão.
O anúncio também surgiu poucos dias depois de os talibãs terem proibido as mulheres de terem educação universitária, o que suscitou críticas da comunidade internacional, incluindo grande parte do mundo islâmico.
Apesar de inicialmente terem prometido regras mais moderadas, respeitando os direitos das mulheres e das minorias, os talibãs aplicaram amplamente a sua interpretação da lei islâmica, ou Sharia, desde que tomaram o poder, em agosto de 2021.
Baniram as raparigas do ensino secundário e das universidades, proibiram as mulheres na maioria das áreas profissionais e ordenaram-lhes que vestissem roupa dos pés à cabeça em público. As mulheres estão também proibidas de frequentar parques e ginásios.
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