Bares e restaurantes cheios na Ribeira do Porto apesar de alerta de cheia
Restaurantes e bares da Ribeira do Porto funcionavam hoje ao início da tarde normalmente, com esplanadas cheias de turistas, apesar do alerta feito no domingo pela Câmara do Porto para a possibilidade de ocorrência de cheias naquela zona.
© Pedro Granadeiro / Global Imagens
País Mau tempo
Quarenta e oito horas passadas sobre a aflição vivida pela população do Porto devido à forte chuva, as zonas comerciais e turísticas da baixa da cidade já recuperaram o seu quotidiano, com as ruas, lojas, restaurantes e bares a apresentarem-se limpos e abertos ao público.
Nos passeios da Mouzinho da Silveira, turistas de várias nacionalidades sobem e descem a rua de telemóvel em punho, aproveitando o sol que apareceu depois da tempestade, parecendo indiferentes ao alerta de domingo da Proteção Civil Municipal sobre a possível "ocorrência de cheias nas zonas ribeirinhas do Porto, podendo os locais historicamente mais vulneráveis, como o Postigo do Carvão e o Cais do Ouro vir a ser afetados".
Na sua página da Internet, a autarquia publicou no domingo um aviso "na sequência do comunicado hidrológico da Capitania do Porto do Douro -- que informa que o nível de alerta de cheias passou a Laranja-pré-emergência, para o estuário e albufeiras do rio Douro -- troço nacional: Estuário, Crestuma, Carrapatelo, Bagaúste, Valeira e Pocinho" --, apelando o Serviço Municipal de Proteção Civil "à maior prudência e à tomada de todas as precauções possíveis".
"Assim, a Proteção Civil Municipal solicita especial atenção durante as preia-mar dos dias 9 e 10 de janeiro - segunda e terça-feira - que poderão provocar inundações por transbordo de linhas de água nas zonas historicamente mais vulneráveis e a tomada das necessárias medidas preventivas e de proteção", como "transferir os alimentos e objetos de valor para os pontos mais altos de casa", "desligar a água, gás e eletricidade, sempre que se justifique" e acondicionar "documentos e objetos pessoais mais importantes, num saco hermeticamente fechado", entre outras.
O ponto da situação feito à Lusa pelo comandante da Capitania do Douro, Silva Rocha, foi tranquilizador: "à hora que lhe falo [13:27] não possuo indicadores de que o rio Douro volte a galgar margens, nem hoje nem na próxima madrugada".
Na Ribeira, ao lado do Cubo, José Campos, funcionário do bar Chá, Café e Laranjada também desdramatizou cenários enquanto recordava um sábado em que "nem tudo foi mau".
"O que lhe posso dizer é que a corrente de água [no sábado] só passou por aquele lado, desceu a Rua de São João e foi, assim, direta ao rio. Não sofremos consequência nenhuma", contou, explicando que o estabelecimento esteve fechado no sábado "como sempre acontece quando chove, porque o serviço é de esplanada".
Mais adiante, como se fosse um qualquer dia de verão, a praça da Ribeira estava cheia de turistas, música e muita descontração, enquanto ali ao lado, barrento e com muitos detritos à superfície, o rio seguia rumo à foz.
A Lusa fez a pé o percurso da enxurrada que no sábado atingiu a baixa do Porto, desde a Estação de São Bento até à Ribeira, seguindo depois até à Ponte D. Maria Pia, pontos críticos da força das águas.
"Está quase!", comentou uma senhora que descia a Rua Mouzinho da Silveira num diálogo breve com um dos trabalhadores que, no sentido ascendente, colocava os últimos paralelepípedos arrancados pela água que desceu rumo ao Douro.
Em três pontos da rua, outros tantos trabalhadores concluíam, pelas 14:00, o que restava para a estrada voltar a ser o que era, ainda que o trânsito em ambos os sentidos já decorra normalmente
Na Avenida Gustavo Eiffel, na direção de Gondomar, o primeiro sinal da normalidade surge com a continuação das obras para a demolição de antigas casas existentes nas traseiras do hotel atingido na semana passada por uma derrocada de pedras e que precedem outra, a de requalificação da escarpa adjacente ao ramal ferroviário da Alfândega, uns 100 metros adiante.
E com o trânsito na marginal reaberto nos dois sentidos cerca das 14:45, só a ausência dos habituais pescadores mostrava que nem tudo estava normal.
"Devido ao facto de a água estar barrenta os peixes não conseguem ver o isco e, por isso, não mordem. Por outro lado, o tipo de pesca que se faz no rio Douro é de fundo, ou seja, implica que haja uma chumbeira, e com a força que o rio leva não é possível nem estabilizar a chumbeira e muito menos o anzol", explicou o pescador Mário Paulo Pereira.
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