SIM compreende "impaciência", mas rejeita associar-se à greve de médicos

Posição do sindicato surge depois da FNAM ter anunciado uma greve nacional de médicos para os dias 8 e 9 de março. SIM considera que tal é uma "cedência ao radicalismo e populismo".

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Ema Gil Pires
01/02/2023 18:10 ‧ 01/02/2023 por Ema Gil Pires

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Médicos

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) refere, esta quarta-feira, compreender a "impaciência dos colegas da FNAM" (Federação Nacional dos Médicos), que anunciou uma greve nacional de médicos para os dias 8 e 9 de março, mas rejeita a possibilidade de aderir ao mesmo.

Na perspetiva da entidade liderada por Jorge Roque da Cunha, "o anúncio de uma greve, nesta fase, a meio das negociações", trata-se apenas de "uma cedência ao radicalismo e populismo".

"O SIM tudo continuará a fazer para evitar o recurso a esse instrumento até 30 de junho, mas o Governo, ao não dar avanços substantivos no processo negocial, permite o alastrar desta narrativa", pode ler-se na argumentação deste sindicato.

Assim, este sindicato confirma não acompanhar, de momento, tais "propostas irrealistas que fragilizem o poder negocial dos médicos a troco de uma eventual maior exposição mediática" - na medida em que aquilo que procura, argumenta, são "propostas dignas para os médicos".

Já no que diz respeito à reunião desta quarta-feira entre sindicatos e o Governo, que foi "especificamente convocada para mitigar o problema do pagamento das horas extra", o SIM refere saudar "que o Governo tenha cumprido os seus serviços mínimos, alargando o pagamento das mesmas de forma condigna até ao fim das negociações".

Porém, o sindicato deixa ainda uma crítica à "atitude" do Executivo socialista, "que a cerca de 150 dias do final do prazo previsto no protocolo assinado com os sindicatos não apresentou ainda quaisquer propostas formais, nomeadamente quanto às grelhas salariais" e "quanto à dedicação plena".

"Lamentamos também que não tenha dado respostas às propostas de organização e disciplina do trabalho médico e de organização do trabalho nos serviços de urgência, que há mais de dois anos foram apresentadas, preferindo anúncios dispersos, com traços de demagogia", explica também o SIM.

Perante todos estes factos, o comunicado indica que, para o SIM, "o momento é ainda de negociação". Apesar de reconhecer que seria "mais fácil" ceder a "estados de alma e ao clamor de indignação", o sindicato diz optar pela responsabilidade.

No âmbito das atuais discussões com o Ministério da Saúde, o sindicato encabeçado por Jorge Roque da Cunha aponta ser seu objetivo "apresentar soluções e melhorias nas condições de trabalho dos médicos" e, consequentemente, "melhorar o acesso dos portugueses aos cuidados de saúde".

Em causa estão negociações que surgem num contexto que, segundo o SIM, fica marcado por um aumento da "insatisfação e revolta dos médicos, que veem as condições de trabalho a degradarem-se e sem perspetivas de carreira".

A reação do SIM surge depois de a FNAM ter anunciado uma greve nacional de médicos para os dias 8 e 9 de março, "em resposta à falta de compromisso, por parte do Ministério da Saúde, em negociar as grelhas salariais e na falta de medidas para salvar o Serviço Nacional de Saúde (SNS)", explicou em comunicado.

Joana Bordalo e Sá, presidente da Comissão Executiva da FNAM, confirmou entretanto que a próxima reunião entre o Governo e os sindicatos está marcada para o próximo dia 8 de fevereiro.

Em causa estão negociações que, em cima da mesa, colocam temas como normas particulares de organização e disciplina no trabalho, a valorização dos médicos nos serviços de urgência, a dedicação plena prevista no novo Estatuto do SNS e a revisão das grelhas salariais, de acordo com a agência Lusa.

[Notícia atualizada às 18h21]

Leia Também: Negociações na Saúde? FNAM emite pré-aviso de greve após "impasse"

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