Davide Amado demitiu-se do cargo de presidente da concelhia do Partido Socialista (PS) de Lisboa após ter sido acusado pelo Ministério Público (MP) de participação económica em negócio e abuso de poder, num esquema que lesou a Santa Casa da Misericórdia em mais de um milhão de euros, em 2014.
Numa nota publicada esta segunda-feira à tarde na rede social Facebook, Davide Amado afirma que os factos que lhe são imputados pelo Ministério Público "não correspondem à verdade" e que "no devido tempo será reposta e, consequentemente, demonstrada" a sua "completa inocência".
"Contudo, e porque no momento atual que vivemos, toda a suspeição é utilizada como arma de arremesso contra os partidos políticos, exige a minha consciência e sentido de militância a ponderação de todas as consequências políticas a retirar", escreve o socialista, sublinhando que a demissão ocorre "sem qualquer admissão de culpa" e para impedir que os "factos se transformem num ataque ao Partido Socialista".
O autarca esclarece ainda que os factos referidos na acusação não ocorreram no exercício de cargos públicos ou políticos, "mas antes no quadro de uma relação de trabalho com uma das empresas citadas".
Segundo a CNN Portugal/TVI, que cita a acusação, Davide Amado é acusado de ter gerido várias empresas criadas à medida para forjar ajustes diretos com a Santa Casa da Misericórdia.
De acordo com a mesma fonte, "entre 2012 e 2014, foram feitos ajustes diretos de mais de dois milhões de euros".
Davide Amado e outros oito arguidos terão criado mais de uma dezena de empresas, com o objetivo de forjar ajustes diretos com a Santa Casa da Misericórdia, “sem respeitarem as regras e encarecendo o valor de cada um dos produtos e serviços".
Há ainda mais oito arguidos que foram acusados neste caso. Entre os envolvidos estão Helena Lopes da Costa, vogal da mesa da Santa Casa da Misericórdia e antiga vereadora do PSD na Câmara Municipal de Lisboa, e a sua assessora, que era a namorada de Davide Amado naquela altura.
O esquema de viciação de contratos terá lesado, acredita o MP, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em mais de dois milhões de euros, naquilo que considerou uma satisfação de interesses privados.
O Ministério Público pede a condenação dos arguidos pelos crimes de que estão acusados, assim como ao pagamento de 1 milhão e 600 mil euros ao Estado, dinheiro esse que foi obtido através de adjudicações ilícitas.
Tanto Davide Amado, como Helena Lopes da Costa, foram contactados pela CNN e afirmaram estar de consciência tranquila.
[Notícia atualizada às 18h01]
Leia Também: Presidente da Junta de Alcântara acusado de lesar Santa Casa