"O que o Papa diz e isso também é muito claro para nós, abusadores de menores não podem ter cargos dentro do ministério. Isso é muito claro. Desde que seja provado que a pessoa é abusador, não tem lugar", afirmou José Ornelas, no dia em que foi conhecido o relatório da comissão independente que estudou os abusos sexuais na Igreja Católica, e que aponta para quase cinco mil vítimas, no mínimo.
O presidente da CEP, no entanto, não foi claro sobre o que acontecerá aos clérigos ou outros membros da igreja sobre os quais recaiam suspeitas e cujos nomes possam constar da lista de abusadores que a igreja ainda não recebeu, mas recusou qualquer processo de "caça às bruxas".
José Ornelas sublinhou que as investigações de denúncias na igreja portuguesa são investigadas pelos bispos em Portugal, que "em caso de plausibilidade" de abusos remetem o processo ao Vaticano, que decidirá.
"Não temos ainda lista, haveremos de receber e haveremos de tratar convenientemente", disse José Ornelas.
Sublinhou também que, tal como no Ministério Público, o princípio subjacente à condução do processo na igreja é do "segredo de justiça como base, para que as coisas não sejam tratadas na rua, mas sejam tratadas com dignidade para todos".
Quanto ao término do processo uma vez chegado ao Vaticano, referiu que "leva o seu tempo, mas também não é assim tão demorado".
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica recebeu 512 testemunhos validados relativos a 4.815 vítimas desde que iniciou funções em janeiro de 2022, anunciou hoje o coordenador Pedro Strecht, que referiu ainda que esta comissão enviou para o Ministério Público 25 casos.
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