Governo dos Açores volta a fretar navio para abastecer ilha das Flores
O Governo dos Açores vai voltar a fretar o navio "Margarethe", um porta-contentores com bandeira de Antígua, para garantir o transporte de mercadorias para a ilha das Flores, cujo porto comercial foi destruído em 2019 pelo furacão Lorenzo.
© Lusa
País Margarethe
"Estamos a ultimar os procedimentos para, no início de março, termos cá o navio Margarethe, fretado pelo Governo dos Açores, através do Fundo Regional de Coesão", anunciou hoje Berta Cabral, secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, em declarações aos jornalistas à margem do plenário da Assembleia Regional, reunido na cidade da Horta.
A governante explicou que, "a diferença em relação à operação atual é que o navio Margarethe, sendo fretado, pode aguardar uma aberta para poder atracar, ao contrário de um navio em rota, que tem de seguir a sua viagem quando não consegue".
Berta Cabral admitiu que os navios que atualmente operam nas Flores têm registado dificuldade para carregar e descarregar mercadorias, devido à ausência de proteção do molhe principal, destruído pelo furacão Lorenzo, em outubro de 2019, e de novo, danificado, pela tempestade Efrain, em dezembro de 2022.
O navio Margarethe, com 86,53 metros de comprimento, com 12,9 metros de boca, está atualmente na Guiné Conacri, e vai terminar a sua missão no final do mês de fevereiro, para que possa rumar aos Açores, para assegurar o transporte de mercadorias para a ilha das Flores, explicou.
A operação irá durar apenas três ou quatro meses, enquanto não for realizada uma intervenção no molhe de proteção, para facilitar a operacionalidade naquela ilha, e irá custar à Região 125 mil euros mensais.
"Sabemos que não faltam bens essenciais nas Flores, mas sabemos que faltam fatores de produção, faltam materiais de construção civil, faltam produtos para a atividade económica na ilha, para os comerciantes, para os industriais", admitiu a governante, adiantando que esta solução agora encontrada com o navio Margarethe, pretende dar resposta às reivindicações dos empresários e da população residente nas Flores.
A Comissão Regional do PS, reunida no sábado, criticou a ausência de soluções do Governo de coligação (PSD, CDS-PP e PPM), no sentido de garantir regularidade e segurança na operacionalidade do porto das Lajes das Flores, lamentando também que as únicas obras realizadas desde o Lorenzo, tenha sido lançadas ainda pelo anterior executivo socialista,
Na segunda-feira, os três partidos que formam o executivo liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, apresentaram uma resolução no parlamento açoriano, a recomendar ao Governo que diligencie junto da República, para que volte a ser decretado o "estado de calamidade" na ilha das Flores, para que possa ser criado um regime especial de contratação pública, que torne mais célere as intervenções necessárias naquela infraestrutura.
Berta Cabral diz agora que a região está também a aguardar a transferência de verbas do Governo da República, destinadas a financiar as obras de reconstrução das infraestruturas destruídas pelo furacão Lorenzo.
"O que nós precisamos mesmo é das verbas do Lorenzo, do Governo da República, para continuarmos os trabalhos, caso contrário, teremos muita dificuldade em continuar a pagar sem receber a comparticipação nacional", realçou a secretária que tutela os transportes e as obras públicas, adiantando que a região já pagou 25 milhões de euros que "ainda não foram reembolsados", e mais 16 milhões de euros "que estão para pagamento".
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