Guerra? "Um beco sem saída para a Rússia", defende Governo da Madeira

O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, defendeu hoje que "a democracia exige sacrifícios", considerando que a guerra na Ucrânia vai arrastar-se, porque a Rússia está num "beco sem saída", sendo necessário maior resistência e concentração de recursos.

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Lusa
24/02/2023 14:34 ‧ 24/02/2023 por Lusa

País

Guerra na Ucrânia

"Esta é uma guerra devastadora, cruel e, neste momento, é, do meu ponto de vista, um beco sem saída para a Rússia", afirmou o chefe do executivo madeirense (PSD/CDS-PP), em declarações aos jornalistas à margem de uma visita que efetuou a uma empresa do ramo dos seguros, no Funchal, a propósito do facto de hoje se assinalar um ano do início do conflito na Ucrânia.

Segundo Miguel Albuquerque, a Rússia "é um estado autocrático neste momento" e um grande número de empresas ocidentais, "as mais modernas", já abandonou o país.

"Há uma ou duas gerações da Rússia que vão perder o acompanhamento da modernidade", salientou.

Contudo, acrescentou, apesar de a guerra ser "uma tragédia para o povo ucraniano", levou à união da Europa e do Ocidente "e levou a que alguns políticos europeus, sobretudo do centro e norte da Europa começassem a perceber que não é possível estabelecer relações contactuais, ou tratar como parceiros normais, as ditaduras".

"Neste momento, há uma concentração de recursos na ajuda à Ucrânia, que está fortalecida" e a NATO, "que diziam que estava em decomposição, neste momento está mais forte, sendo importante que isso aconteça para defender os valores das sociedades ocidentais, que é a moderação, o pluralismo, a defesa dos direitos humanos, as liberdades", afirmou.

Miguel Albuquerque disse ainda que quem vive "em sociedades privilegiadas" tem de entender que a democracia, a liberdade, o bem-estar, os direitos humanos, "exigem sacrifícios".

"Ou seja, a democracia exige sacrifícios dos cidadãos", insistiu.

Relativamente à duração do conflito na Ucrânia, o presidente do Governo Regional anteviu que se irá "arrastar e exigir uma maior resistência e concentração de recursos", dizendo não acreditar numa "solução sequer negociada, porque numa autocracia o poder de um homem está dependente do sucesso da guerra".

Sobre as consequências da guerra, Miguel Albuquerque perspetivou que "a inflação vai descer, sendo provável já neste segundo semestre", na sequência das "medidas que já foram tomadas pelo Banco Central Europeu", embora mais tarde do que as da Reserva Federal.

A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

Pelo menos 8.006 civis morreram e 13.287 ficaram feridos nos últimos 12 meses na Ucrânia, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

No entanto, esses são apenas os casos verificados pela ONU, estimando-se que o número real seja maior.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

Leia Também: Gomes Cravinho critica "interpretação bizarra" de PCP sobre a guerra

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