Francisco Amaral (PSD) recordou que, após 20 anos à frente da Câmara de Alcoutim e de ter assumido, em 2013, a presidência do município vizinho de Castro Marim, é atualmente "o autarca há mais tempo na liderança" de uma autarquia em Portugal, com três décadas de exercício consecutivo de funções e "vitórias em todos os atos eleitorais disputados".
A lei de limitação de mandatos dos presidentes de Câmara foi aprovada em 2005, mas sem efeitos retroativos, o que permitiu ao autarca, médico de profissão, manter-se em funções em Alcoutim de 1993 até 2013, ano em que concorreu com sucesso à Câmara que preside desde então, a de Castro Marim, no distrito de Faro.
"Vou encostar às 'boxes', isto é, em termos políticos, vou encostar às 'boxes', embora me andem a picar aí para [voltar a concorrer a] Alcoutim e para [ser candidato em] Vila Real [de Santo António]. Mas neste momento penso nos meus netos, já tenho um neto com 18 anos, que me passou ao lado, e agora tenho um com cinco anos, que não quero que me passe ao lado", respondeu, ao ser questionado se equacionava a reforma no final do terceiro e último mandato em Castro Marim.
Apesar de deixar a atividade política e de querer desfrutar mais da família, Francisco Amaral, de 67 anos, quer também continuar a dedicar-se à Medicina, a sua área de formação, e às suas atividades de lazer, a pesca e a horta, contou.
"Mas há uma coisa de que eu não me quero divorciar, que é a Medicina, quero continuar a ir às quintas-feiras ao Hospital de Faro, quero andar numa unidade móvel de saúde aí pela serra - seja serra de Castro Marim, seja serra de Alcoutim - dois dias por semana", frisou.
Desde 1999 que o autarca é médico voluntário em Medicina Geral e Familiar no Centro Hospitalar do Algarve, prestando, atualmente, também, serviço médico ao domicílio em Alcoutim e Castro Marim, ambos no extremo leste do Algarve, na fronteira com o sul de Espanha.
Francisco Amaral aproveitou para recordar o seu trajeto no município de Castro Marim, considerando que "não foi fácil" no início, devido a limitações financeiras e a uma oposição maioritária que impedia a ação do executivo.
O autarca frisou que foi depois possível "dar a volta à situação", quando pediu a demissão para forçar a realização de eleições intercalares, que devolveram ao PSD a maioria absoluta que perdera em 2013.
Agora, e apesar de ter sido sondado para concorrer a outros municípios, o decano dos autarcas portugueses revela a intenção de deixar a política no final do mandato, em 2025, quando concluir o terceiro e último mandato de quatro anos em Castro Marim, uma das 16 autarquias do distrito de Faro.
Antes de ter sido eleito como autarca, foi médico de família no Centro de Saúde de Alcoutim, entre 1982 e 1993, tendo desempenhado também funções como deputado da Assembleia da República e membro do Comité das Regiões da Europa.
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