"Estas medidas não vão contribuir para diminuir as situações de pobreza, vão diminuir a situação de emergência social em que vivemos", disse à Lusa a presidente da Cáritas Portuguesa, Rita Valadas, assinalando que as medidas prometidas "vão eventualmente permitir" que algumas pessoas não entrem na pobreza e "diminuir a severidade das situações em que vivem as pessoas cada vez mais vulneráveis".
O Governo anunciou hoje a redução do imposto IVA dos bens alimentares essenciais, colocando a taxa em zero no cabaz de bens essenciais, um apoio mensal de 30 euros às famílias mais pobres e um complemento extraordinário de 15 euros por criança e jovem para os beneficiários do abono de família.
A presidente da Cáritas Portuguesa, instituição ligada à Igreja Católica que apoia os mais pobres, "acolhe bem" as medidas, mas alerta para a necessidade de "um grande acompanhamento das medidas e da conjuntura" económica, bem como da "coerência entre as medidas e a conjuntura".
"Há que acutelar que a descida da taxa do IVA, de facto, tem efeito no custo dos produtos, porque temos vindo a assistir a uma descida da taxa de inflação, por exemplo, sem nenhum reflexo nos bens essenciais, nomeadamente nos bens alimentares", advertiu Rita Valadas, salientando o impacto positivo da medida, se for bem aplicada, no custo das refeições fornecidas nas cantinas escolares e universitárias, nas creches, nos centros de dia e nos lares das instituições de solidariedade social.
Segundo a Cáritas, trata-se de medidas que, em suma, vão "dar espaço às famílias para que possam conseguir gerir as suas dificuldades e vulnerabilidades".
"Não se desista de ter uma ação mais pró-ativa em relação à estratégia de erradicação da pobreza", apelou, no entanto, Rita Valadas, destacando a importância, por exemplo, de iniciativas de promoção do emprego.
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