Um homem armado com uma faca de grandes dimensões entrou nas instalações no Centro Ismaili de Lisboa, na manhã desta terça-feira, provocando duas vítimas mortais e vários feridos. Eis o que já se sabe sobre o ataque que está a chocar o país.
As vítimas mortais são duas mulheres, segundo fonte policial, avançou a Lusa. A mesma fonte confirmou que estavam na casa dos 20 e dos 40 anos de idade e que pelo menos uma era funcionária do centro.
Segundo a CNN Portugal, as duas vítimas eram a professora de inglês do atacante e uma colega das mesmas aulas, que decorriam no Centro Ismaili.
O incidente deixou ainda vários feridos, dois dos quais em estado grave, segundo fonte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). Entre eles, está o atacante, que ficou ferido durante a intervenção da PSP.
"Os polícias depararam-se com um homem armado com uma faca de grandes dimensões. Foram dadas ordens ao atacante para que cessasse o ataque, ao que o mesmo desobedeceu, avançando na direção dos polícias, com a faca na mão", revelou a PSP, acrescentando que, face a esta "ameaça grave", os agentes dispararam contra o atacante, "atingindo e neutralizando o agressor".
O ataque ocorreu cerca das 11h30 quando decorriam aulas e outras atividades no Centro Ismaili, segundo precisou o presidente do Conselho Nacional da Comunidade Muçulmana Ismaili, Rahim Firozali, que disse desconhecer as motivações do ataque.
A polícia e o INEM foram chamados de imediato ao local e o atacante acabou por ser retirado do interior do centro, estando nesta altura a decorrer investigações por parte da Polícia Judiciária.
O agressor foi transportado ao Hospital de São José (Lisboa), onde está a ser tratado aos ferimentos sofridos.
Fonte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) disse à Lusa que o outro ferido foi "por meios próprios, para o Hospital de Santa Maria".
Por seu turno, fonte do Centro Hospitalar Lisboa Norte confirmou que o Santa Maria recebeu na urgência um homem que chegou por meios próprios à unidade. A vítima está "na casa dos 30 anos" e tem "ferimentos ligeiros no peito", após ter sido esfaqueado.
No local, estava cerca das 12h20 um forte dispositivo de segurança, com agentes de várias unidades, estando o trânsito na Avenida Lusíada a fazer-se apenas numa via no sentido Hospital de Santa Maria - Benfica. No Twitter, a força de segurança apelou para que os cidadãos evitassem aquela zona.
O caso terá sido entregue à Unidade Contraterrorismo da Polícia Judiciária.
O que se sabe sobre o agressor
O homem, de nacionalidade afegã e fé ismaelita, já seria conhecido entre aquela comunidade muçulmana e, segundo o Observador, chegou a Portugal há cerca de um ano.
Já segundo o Expresso, sofrerá de distúrbios mentais. Um informação corroborada pelo presidente da junta de freguesia de S. Domingos de Benfica à Renascença. José da Câmara adianta, mesmo assim, que "ainda ninguém tem explicação para isto".
Já o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, confirmou que o homem, "relativamente jovem", tem três filhos menores, de 9, 7 e 4 anos, e que tinha perdido a mulher na Grécia, num campo de refugiados.
O suspeito foi "recolocado em Portugal, ao abrigo da cooperação europeia, e tratava-se de um cidadão beneficiário do estatuto de proteção internacional".
Segundo o ministro, era um cidadão com uma vida "bastante tranquila", que beneficiava do apoio da comunidade ismaelita, no ensino de línguas, no "cuidado alimentar, cuidado com as crianças" e "não tinha qualquer sinalização que justificasse cuidados de segurança".
Marcelo, Santos Silva e Costa já reagiram
O Presidente da República apresentou hoje "sinceros pêsames" ao representante diplomático do príncipe Aga Khan pelo ataque no Centro Ismaili em Lisboa, referindo que "as primeiras indicações apontam para um ato isolado".
Já o presidente do parlamento manifestou-se consternado com "o ataque vil", manifestando o seu pesar às famílias e "uma palavra de conforto" à comunidade ismaelita.
Também o primeiro-ministro já manifestou pesar pelas duas vítimas mortais na sequência deste ataque e considerou prematuro antecipar motivações "deste ato criminoso". Costa expressou à comunidade ismaelita, às famílias das vítimas, a sua solidariedade e pesar.
[Notícia atualizada às 15h39]
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