Escola rejeita qualquer discriminação com estudantes são-tomenses

A empresa concessionária da Escola de Hotelaria e Turismo da Madeira rejeitou hoje qualquer prática discriminatória em relação aos alunos de São Tomé e Príncipe e considerou que os recentes protestos foram instigados por um pequeno grupo de estudantes.

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Lusa
28/03/2023 19:21 ‧ 28/03/2023 por Lusa

País

Madeira

"Quem faz esta situação são meia dúzia de alunos", afirmou o presidente da empresa CELFF -- Centro de Estudos, Línguas e Formação do Funchal, João Pedro Entrudo, em conferência de imprensa, sublinhando ter consciência de que os estudantes, por vezes, "têm alguma dificuldade de adaptação e precisam de ser integrados".

Cerca de 50 alunos oriundos de São Tomé e Príncipe manifestaram-se na segunda-feira em frente à Escola Profissional de Hotelaria e Turismo da Madeira (EPHTM), no Funchal, alegando serem vítimas de descriminação e de sobrecarga horária e queixando-se de más condições de alojamento.

"O CELFF rejeita veementemente a existência de qualquer conduta ou prática discriminatória", afirmou João Pedro Entrudo, realçando que as "eventuais dificuldades de adaptação" ou os "comportamentos menos adequados" de alguns alunos não colocam em causa o modelo de ensino da escola.

O responsável explicou que cerca de 200 são-tomenses estão matriculados na EPHTM, no âmbito de um protocolo estabelecido em 2018 entre o CELFF e o governo de São Tomé, para cursos de formação de três anos.

Dos 200 alunos, cerca de metade frequenta a extensão da escola na ilha do Porto Santo.

O curso é financiado pelo Fundo Social Europeu, mas o CELFF é responsável pelas refeições, alojamento, transporte e seguro escolar.

De acordo com João Pedro Entrudo, a EPHTM fornece aos alunos são-tomenses três rejeições diárias "rigorosamente iguais" às dos restantes alunos, sendo que 50 estudantes estão alojados na residência da escola, por onde antes passaram também estudantes da Madeira, Cabo Verde, África do Sul, Angola e Moçambique.

Há ainda cerca de 60 alunos que estão alojados em unidades hoteleiras parceiras do CELFF, na maioria unidades de 4 e 5 estrelas.

O responsável indicou que a residência da escola foi objeto de "extensas obras de remodelação e manutenção" entre 2021 e 2022, ficando os alunos responsáveis pela limpeza dos quartos.

João Pedro Entrudo garantiu, por outro lado, não haver qualquer excesso de horário ao nível da formação ou trabalho em estágio, esclarecendo que a carga horária e curricular é de até 35 horas por semana, no máximo de sete aulas por dia, com dois dias consecutivos de descanso obrigatório.

"Esta carga horária é escrupulosamente respeitada", afirmou.

O presidente do conselho de administração do CELFF sublinhou que, antes da celebração do protocolo, o Governo de São Tomé e Príncipe se inteirou das condições da escola, incluindo o alojamento, tendo-as considerado "perfeitamente satisfatórias".

Além disso, destacou um representante da Direção-Geral do Turismo e Hotelaria para acompanhar a formação, que está em permanência na Madeira e alojado na residência da escola desde novembro de 2022.

"Desde que cheguei cá não vi nenhuma irregularidade da escola perante os alunos, acredito que tudo está a decorrer da melhor forma possível", disse Alfe Silva, o representante do executivo são-tomense, na mesma conferência de imprensa.

"Acredito que alguns alunos, talvez por não se adaptarem muito ao meio, começam a revelar um bocado de insatisfação perante a escola", reconheceu.

Alfe Silva indicou, também, ter recebido algumas queixas dos alunos, mas garantiu que, juntamente com a direção, foi sempre feito "o possível para tentar colmatar as dificuldades".

Na sequência dos relatos de casos de discriminação, inicialmente divulgados pelo DN/Madeira, o Governo Regional reencaminhou para a Inspeção Regional de Educação uma exposição para que o caso seja investigado "com urgência", mas ainda não foram apresentadas quaisquer conclusões.

Por outro lado, o PS/Madeira, o maior partido da oposição regional, pediu a audição do secretário regional da Educação, Jorge Carvalho, no parlamento insular, para prestar esclarecimentos sobre estas denúncias.

Já o PCP anunciou hoje que entregou um requerimento na Assembleia Regional para a realização de uma audição parlamentar com a presença do diretor pedagógico da Escola de Hotelaria e Turismo, Rui Gomes.

Leia Também: São Tomé espera que Portugal esclareça discriminação de estudantes

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