Na homilia da Missa Crismal, na Sé de Leiria, José Ornelas, perante os padres da diocese, disse ser preciso prosseguir "o caminho iniciado", desde logo no apoio às vítimas.
"Juntamente com o mais claro e decidido repúdio e responsabilização de atitudes que nos envergonham e contradizem o nosso ser, tenhamos a coerente atitude de justiça, de apoio e da reparação possível de quem foi vítima daquilo que nunca deveria ter acontecido, especialmente no interior da Igreja", exortou o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
Segundo José Ornelas, os últimos meses "não têm sido tempos fáceis".
"Mas não tememos a verdade que permite identificar e tratar com determinação o que foi condenável, e endireitar o que não está direito, mas sem nunca confundir a floresta com a árvore nem deixar-se levar por frequentes generalizações mediáticas e injustas e sem consistência", afirmou.
O prelado sublinhou, ainda, sentir "com humildade e dor as situações do passado", mas assegurou continuar apostado em viver na "coerência da fé, da dedicação e do serviço" que anima o ministério sacerdotal.
"É com a verdade das atitudes que se pode afirmar que a Igreja é lugar seguro de acolhimento, de cuidado atento e de ajuda ao crescimento na alegria, na fé e na esperança", acrescentou.
Na homilia, José Ornelas evocou também os desafios que se colocam ao mundo atual, "com a guerra, as crises económicas e as suas sequelas sociais".
"Celebramos também a mobilização de vontades e de meios para acudir a estes cenários dramáticos, alentando a esperança de um mundo mais fraterno, justo e em paz", afirmou o bispo de Leiria-Fátima.
A Missa Crismal é celebrada na Quinta-feira Santa na catedral de cada diocese, na qual são benzidos os óleos santos e é feita a renovação das promessas sacerdotais por parte dos padres perante o respetivo bispo.
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