A posição do presidente do CRUP surge em reação às acusações de assédio e violência sexual no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, noticiado na terça-feira pelo Diário de Notícias.
"A prioridade tem de ser apoiar as vítimas desde o primeiro momento em que estas se sintam objeto de condutas inaceitáveis", sublinha António Sousa Pereira, citado em comunicado, defendendo a necessidade de, desde logo, ouvir e apoiar as vítimas.
"Não faz sentido que as pessoas carreguem durante anos, às vezes décadas, o peso de situações que as marcaram para vida", sustenta.
Quanto à resposta das instituições de ensino superior, o representante dos reitores insiste que devem ser criados mecanismos acessíveis e que permitam, de forma rápida, identificar, avaliar, punir e dissuadir cassos de assédio.
"Quando surgem as denúncias, as universidades devem investigar até ao fim todos os casos apresentados, doa a quem doer, e tirar consequências do que for apurado", escreve o presidente do CRUP.
"Os reitores estão empenhados no apuramento rigoroso dos factos -- o que implica, como é óbvio, a presunção de inocência -- e em investigar de modo exaustivo denúncias de más práticas, de modo a contribuir para um bom ambiente de trabalho nas faculdades e a proteger os seus alunos e a reputação científica e pedagógica dos seus professores, assistentes e investigadores", acrescenta.
Três investigadoras que passaram pelo Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra denunciaram situações de assédio e violência sexual por membros do centro de estudos, num livro intitulado "Má conduta sexual na Academia - Para uma Ética de Cuidado na Universidade" publicado pela editora internacional Routledge.
Na edição de hoje, o jornal Diário de Notícias revela que os acusados são o sociólogo Boaventura Sousa Santos, diretor emérito do CES, e o antropólogo Bruno Sena Martins, investigador da instituição, que negaram todas as acusações.
Não é a primeira vez que são tornadas públicas denúncias de assédio sexual no ensino superior. Há cerca de um ano, foi divulgado um relatório do Conselho Pedagógico da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que recebeu 50 queixas de assédio e discriminação em apenas um mês.
Em dezembro, um inquérito promovido pela Federação Académica de Lisboa revelou que cerca de dois em cada dez estudantes universitários já tinham sido vítimas ou testemunhas de casos de assédio.
Leia Também: Abusos? Associação Académica de Coimbra remete denúncias para autoridades