O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu, esta segunda-feira, que a posição do Brasil em relação à guerra na Ucrânia sempre foi "consistente", referindo que, caso mude essa posição, ambos os países não estão de "acordo". No entanto, deixou claro que estas são matérias de política externa, que não prejudicam as relações bilaterais.
Em declarações aos jornalistas, em Lisboa, Marcelo começou por ser interrogado sobre a vinda de Lula da Silva a Portugal, negando estar arrependido deste convite, numa altura em que o presidente do Brasil está sob fogo devido às suas palavras sobre a guerra na Ucrânia.
"Não, não me arrependi coisa nenhuma, são coisas completamente diferentes", disse.
"A primeira questão é a posição portuguesa: Quem invadiu foi a Rússia. Foi a Rússia que invadiu a Ucrânia, não foi a Ucrânia que invadiu a Rússia. A Ucrânia está a defender-se e está a defender princípios de direito internacional e a carta das Nações Unidas. E a NATO e a União Europeia estão a apoiar a Ucrânia, Portugal está a apoiar a Ucrânia", sublinhou, reforçando: "E vamos continuar".
Marcelo disse que transmitiu a posição de Portugal ao presidente da Letónia e o mesmo fará ao presidente Lula e a outros presidentes.A posição portuguesa é o que é, não muda", reiterou.
Para o Presidente, "a posição brasileira até agora tem sido muito consistente", no quadro da Organização das Nações Unidas (ONU), com apenas uma abstenção, em abril de 2022, quando se votou a suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos.
Recorrendo a um papel com as votações na ONU, o chefe de Estado referiu que o Brasil "votou a favor do não reconhecimento das regiões ocupadas da Ucrânia" e "voltou a votar, ainda no mandato do Presidente Bolsonaro, que a Rússia deve ser responsabilizada pelas violações".
"E, já com o Presidente Lula, em fevereiro, pediu a retirada imediata das tropas russas da Ucrânia", realçou, concluindo: "Ou seja, a posição brasileira nas Nações Unidas tem sido sempre a mesma: ao lado de Portugal, da União Europeia (UE), dos Estados Unidos da América (EUA), da NATO, contra a Federação Russa".
"Disto isto, é muito simples: Se o Brasil mudar de posição, e mudar de posição em relação ao que foi a orientação Bolsonaro e Lula, é uma escolha dele e Portugal não tem nada a ver com isso. Mantém a sua posição e não estamos de acordo", sublinhou.
"Mas nós não estivemos de acordo com os países de língua oficial portuguesa a seguir à independência durante décadas, mantivemos relações (...) Cada país tem a sua política externa. Se estivermos de acordo, melhor. Eu tenho a esperança de que estejamos de acordo. Veremos, e para isso é que servem as visitas, é para saber qual é a posição. Não estamos de acordo, não estamos de acordo", rematou.
Recorde-se que Lula da Silva será recebido e discursará na Assembleia da República numa sessão de boas vindas no dia 25 de Abril. No fim de semana, em declarações aos jornalistas, o presidente do Brasil defendeu, no final de uma visita à China, que os EUA "devem parar de encorajar a guerra" na Ucrânia e que a União Europeia "deve começar a falar de paz".
[Notícia atualizada às 20h39]
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