China "pode dar contributo para a paz" na Ucrânia
O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, disse hoje que a China "pode dar um contributo para a paz", lamentando que Pequim tenha demorado 15 meses para contactar as autoridades ucranianas enquanto apenas falou "com o agressor".
© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images
País João Gomes Cravinho
"É muito bom, sempre, que as pessoas falem. Tenho apenas a lamentar que tenha durado 15 meses até chegarmos a este momento, mas é bom que tenhamos chegado", afirmou o ministro em resposta aos jornalistas em Paris.
"A China é evidente que pode dar um contributo para a paz, não creio que estejamos ainda a falar de possibilidades de mediação, mas é muito importante que a China reconheça que há dois lados com quem importa falar. Tem falado muito com o agressor (Rússia) e é fundamental que a China tenha acesso à outra parte deste conflito trágico", adiantou.
João Gomes Cravinho esteve hoje em Paris para a inauguração oficial da obra monumental de Joana Vasconcelos, "Árvore da Vida", instalada na Capela do Castelo de Vincennes, junto a Paris.
À margem da visita, o ministro defendeu que apenas um país poderá fazer toda a diferença no conflito na Ucrânia e esse país é a Rússia.
"Eu creio que, infelizmente, temos uma situação em que um país acima de todos pode fazer a diferença, que é a Rússia, retirando as suas forças. A China pode naturalmente dizer à Rússia que a integridade territorial que ela tanto preza e que colocou em primeiro plano nas suas propostas para a paz significa essa retirada das tropas russas", declarou.
Na quarta-feira, pela primeira vez, o Presidente chinês Xi Jinping falou com o Presidente Volodymyr Zelensky desde o início da invasão russa da Ucrânia, apesar de ter reunido já várias vezes com o homólogo russo, Vladimir Putin.
Xi disse ao líder ucraniano que a China vai enviar um representante especial para os assuntos da Eurásia para a Ucrânia e outros países, com o objetivo de "lançar uma comunicação profunda com todas as partes visando encontrar uma solução política para a crise".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.574 civis mortos e 14.441 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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