O ministro João Galamba apresentou hoje a demissão ao primeiro-ministro, alegando que o fazia "em prol da necessária tranquilidade institucional".
"Comunico que apresentei, agora mesmo, o meu pedido de demissão ao senhor primeiro-ministro. No atual quadro de perceção criado na opinião pública, apresento o meu pedido de demissão em prol da necessária tranquilidade institucional, valores pelos quais sempre pautei o meu comportamento e ação pública enquanto membro do Governo", lê-se no comunicado enviado pelo Ministério.
Antes, o primeiro-ministro esteve reunido com o Presidente da República no Palácio de Belém, a quem solicitou uma audiência, depois de esta manhã ter recebido João Galamba em São Bento.
Nas declarações que fez à RTP na segunda-feira à noite, António Costa afirmou logo aí que, no caso que envolve João Galamba e o ex-adjunto Frederico Pinheiro, demitido na quarta-feira, havia "outra dimensão, que não tem a ver com uma atuação individual e específica de ninguém".
"Tem a ver com aquilo que tem de ser a atitude do Governo perante a governação e a atitude exemplar que tem de ter relativamente à credibilidade das instituições. E isso obviamente foi aqui afetado", sustentou.
Na segunda-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, classificou como uma matéria sensível de Estado a troca de acusações entre João Galamba e o seu antigo adjunto Frederico Pinheiro.
Nos últimos dias, Marcelo Rebelo de Sousa escusou-se a comentar factos relativo ao episódio de violência dentro do Ministério da Infraestruturas, sobre a intervenção do SIS neste caso e, ainda, no que se refere às contradições entre a versão de João Galamba e do seu ex-assessor, que acusa o ministro de ter tentado esconder documentos da Comissão de Inquérito da TAP.
Economista, de 46 anos, João Galamba assumiu as funções de ministro das Infraestruturas em 04 de janeiro deste ano, substituindo Pedro Nuno Santos, que se demitiu deste cargo na sequência da polémica em torno do pagamento de uma indemnização de meio milhão de euros a Alexandra Reis para que a ex-administradora da TAP saísse da companhia aérea nacional.
No segundo executivo liderado por António Costa, entre 2019 e 2022, João Galamba foi secretário de Estado Adjunto e do Ambiente.
Já no atual Governo de António Costa, de maioria absoluta do PS, o antigo porta-voz socialista começou como secretário de Estado do Ambiente da Energia, tendo Duarte Cordeiro como ministro.
Entre 2011 e 2014, com o PS na oposição e sob a liderança de António José Seguro, João Galamba fez parte do chamado grupo dos "jovens turcos", conotado com a ala esquerda deste partido, juntamente com Pedro Nuno Santos, Duarte Cordeiro e Pedro Delgado Alves.
O ministro das Infraestruturas sai do Governo na sequência de uma polémica com o seu ex-adjunto Frederico Pinheiro em torno de informações a prestar à comissão parlamentar sobre a gestão da TAP, num caso em foram noticiados episódios de violência física no ministério e um alegado furto de um computador do Estado, que terá motivado a intervenção do Serviço de Informações e Segurança (SIS).
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