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Após longo silêncio, Marcelo quebra o gelo em Belém. Afinal, quando fala?

O Presidente da República deverá falar em breve ao país sobre a polémica 'demissão frustrada' de João Galamba. Na quarta-feira, no entanto, aproveitou uma saída a pé do Palácio de Belém para fazer algumas declarações aos jornalistas... de gelado na mão.

Após longo silêncio, Marcelo quebra o gelo em Belém. Afinal, quando fala?

Desde terça-feira que o Presidente da República vinha a manter um silêncio ensurdecedor sobre a crise no Governo e a demissão rejeitada do ministro das Infraestruturas. Foi então que, ao fim da tarde de ontem, viria a ser quebrado, de forma... pouco comum, mas não fora de tom para Marcelo Rebelo de Sousa.

O sol a brilhar e um gelado na mão

O Presidente da República seguiu, aparentemente, a sugestão de António Costa que, na manhã de quarta-feira, disse aos jornalistas: "Olhem para o céu, está tão bonito". Horas depois, Marcelo Rebelo de Sousa surgia nas ruas próximas do Palácio de Belém, a pé, aparentemente descontraído, a falar informalmente com populares a caminho de um restaurante para jantar. Depois, continuou as declarações, desta feita aos jornalistas que o acompanhavam e… a comer um gelado.

"É preciso ter calma, não dar o corpo pela alma", disse o chefe de Estado na calçada da Ajuda, citando Pedro Abrunhosa, em resposta às ânsias dos jornalistas - "tão curiosos", como o próprio (que conhece bem os interstícios da profissão) os descreveu - sobre o futuro político do país.

"[As pessoas] não têm de estar preocupadas. Eu a comer um gelado Santini, as pessoas estão preocupadas? Por amor de Deus", atirou ainda Marcelo Rebelo de Sousa, que é agora confrontado com uma difícil decisão: ou aceita a opção de António Costa, claramente contrária às suas intenções sobre o futuro governativo do país, ou dissolve a Assembleia da República, obrigando à realização de novas eleições. Ou então, demitir o Governo.

As declarações informais não saciaram, no entanto, a vontade de saber, afinal, qual era a próxima jogada de Marcelo após o suposto ‘xeque-mate’ de António Costa, e o chefe de Estado admitiu que falará ao país… em breve. "Não sei, um destes dias, amanhã [quinta-feira] ou assim", respondeu, sempre num tom de desvalorização da polémica.

O Presidente parte para Londres "muito cedo" na sexta-feira, onde marcará presença na coroação do monarca do Reino Unido, Carlos III, que acontece no sábado. "Depois, sábado é até relativamente tarde. Sábado está cá o Presidente da Colômbia, é recebido pelo primeiro-ministro, depois janta comigo - portanto, é sair de um para o outro. E depois ainda recebo o Presidente da Colômbia no domingo, vejam bem, que é uma loucura", explicou, avançando que só no dia 10 é que a agenda acalmará.

O volte-face

Recorde-se que na terça-feira, o primeiro-ministro e o ministro das Infraestruturas protagonizaram um momento que promete marcar a agenda política do país nos próximos tempos, e o Presidente da República não ficou, de todo, fora da polémica.

Galamba demitiu-se, Costa segurou-o (apesar de haver quem ache que foi tudo um teatro) e Marcelo discordou, mas em silêncio. Da Presidência, quando o país inteiro debatia a decisão do chefe do Governo, surgia apenas uma nota de discordância.

A missiva dizia apenas que o Presidente "não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do primeiro-ministro" e que o mesmo "discorda da posição deste quanto à leitura política dos factos e quanto à perceção deles resultante por parte dos portugueses, no que respeita ao prestígio das instituições que os regem".

As reações políticas multiplicavam-se, vindas tanto dos principais líderes partidários como de comentadores políticos de todos os setores, que ora apoiavam, ora criticavam a decisão de António Costa de segurar o ministro que apresentara a carta de demissão, poucos dias após dizer que tinha "todas as condições para participar neste Governo". 

Onde tudo começou

A polémica estalou quando a comunicação social publicou trocas de mensagens entre o ex-adjunto de João Galamba, Frederico Pinheiro, e o próprio ministro das Infraestruturas, relativamente à comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP.

Pinheiro, que foi demitido, acusou o ministro de querer esconder informações à comissão de inquérito, algo que o mesmo negou. Na noite de 26 de abril, dirigiu-se ao ministério das Infraestruturas para recolher o computador que utilizava, e que teria documentos classificados, acabando impedido de o fazer.

A tensão no ministério subiu de tom e obrigou à intervenção da Polícia de Segurança Pública e até do Serviço de Informações de Segurança, que ficou na posse do computador, entretanto enviado para a Polícia Judiciária.

[Notícia atualizada às 18h48]

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