Vladimir Pliassov, o diretor do Centro de Estudos Russos da Universidade de Coimbra (UC), que foi demitido após ter sido acusado de propaganda russa, afirmou estar "indignado e perplexo" com a decisão da reitoria e "quaisquer acusações deveriam ser feitas com base em factos e não em opiniões questionáveis".
Em causa, recorde-se, está o facto de o professor ter sido acusado de "propaganda russa" por dois cidadãos ucranianos a residir em Coimbra, num artigo de opinião publicado no Jornal de Proença, e de ser o principal representante em Portugal da fundação Russkiy Mir, uma instituição criada por Vladimir Putin e suportada por Moscovo, que tem como principal objetivo a promoção da língua e cultura russas.
"No dia 10 de maio de 2023, recebi um email do Serviço de Gestão de Recursos Humanos da Universidade de Coimbra a informar da cessação imediata do meu contrato a título gracioso. Mais tarde, vim a saber que tinha sido por ordem direta do reitor. Assim, por escrito e sem previamente averiguar se as acusações se ancoram. Posso dizer que estou indignado e perplexo", começou por referir Pliassov, num artigo de opinião publicado no jornal Público.
O russo disse ainda não compreender "como é que acusações públicas sobre a alegada propaganda pró-Putin, em nada fundamentadas e claramente provocadoras," conseguiram "manipular tanta gente".
"É incompreensível como pessoas que nunca passaram pelas minhas aulas formaram opiniões e adotaram determinados comportamentos. Não sei o que procuram – um momento de fama ou promoção na sua carreira? Quaisquer acusações deveriam ser feitas com base em factos e não em opiniões questionáveis", sublinhou, acrescentando que recusa "aceitar críticas de pessoas completamente alheias ao ensino na Universidade de Coimbra".
Sobre a demissão o reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, afirmou que não "tinha de haver nenhum processo disciplinar" para a suportar e que o professor se encontrava reformado e trabalhava a "título gracioso".
"Houve uma rescisão de contrato de uma pessoa que está reformada. Tinha um vínculo, através de um contrato com a Universidade, mas a título gracioso. Não havia aqui dinheiro envolvido", esclareceu o responsável, que falava à Lusa à margem de uma cerimónia, na Sala do Senado, em Coimbra.
Questionado sobre se teve conhecimento da situação antes ou depois da denúncia, Amílcar Falcão recusou-se a dizer quando é que soube das acusações, vincando, no entanto, que não toma decisões "por impulso".
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