Tutti Frutti. Eis a alegada teia de 'tachos' em torno de Sérgio Azevedo

Processo Tutti Frutti é de 2016 mas ainda não foi lançada nenhuma acusação.

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Notícias ao Minuto
24/05/2023 23:51 ‧ 24/05/2023 por Notícias ao Minuto

País

Tutti Frutti

O caso Tutti Frutti - um processo com 11 mil páginas - continua a causar tumultos na vida política portuguesa. 

Uma reportagem da TVI/CNN denuncia uma alegada troca de favores entre PS e PSD na preparação das listas para as eleições autárquicas de 2017, de forma a garantir a manutenção de certas freguesias lisboetas.

Hoje, em novas revelações, o canal mostra como tudo começou em torno de Sérgio Azevedo, então deputado do PSD.

O Ministério Público terá desenhado o seguinte triângulo: avenças a boys; contratos com empresas e pagamento de quotas a militantes social-democratas. 

Sérgio Azevedo seria o 'chefe' do trio composto por Carlos Eduardo Reis e Luís Newton. A rede de investigações alarga-se depois a Nuno Firmo e Nuno Vitoriano, assim como Fernando Braamcamp, no Areeiro, e Vasco Morgado, na freguesia de Santo António. Ângelo Pereira, atual vereador na Câmara Municipal de Lisboa, também é um dos visados. 

O esquema chega a envolver familiares. Uma companheira e a mãe de Azevedo - que era avençada na junta da Estrela. Chegou a receber mais de 1.500 euros por mês. Há suspeitas de corrupção, tráfico de influências, participação económica em negócio e financiamento proibido.

Tudo terá começado na capital, mas o esquema alastrou-se ao país. A investigação dá destaque às câmaras de Lisboa e Barcelos mas, na realidade, são 16. 

Na investigação constarão dezenas de conversas telefónicas. "Não me esqueço dos amigos", afirmou Sérgio Azevedo em 2017. Numa outra, Carlos Eduardo Reis diz: "Aqui em Portugal os próprios partidos políticos controlam o Estado e a máquina". Sérgio Azevedo responde: "Se a PJ tivesse mais meios estava tudo f*****".

Numa outra ocasião, o 'chefe' terá dito: "A não ser que me apanhem numas escutas ou numas mer*** manhosas" e até "a gente vai tomar conta do país"

Carlos Eduardo Reis chega a dizer a Miguel Peixoto (ambos do PSD), a 29 outubro de 2017: "Aquela bancada tem um gabinete onde há muitas assessorias e muitas avenças - Mafalda Cambeta, Patrícia Leitão e até o Rodrigo Moita de Deus que nunca fez nada."

Como operavam?

Segundo Andrea Marques, procuradora adjunta do Ministério Público, citada pelo canal, os suspeitos usavam “intermediários que exercem ou já exerceram funções públicas em nome do PSD para obtenção da adjudicação ou avença”.

Sérgio Azevedo” terá feito avenças, contratos suspeitos e distribuiu “guito” e 'tachos'. Também terá recebido dinheiro que o Ministério Público acredita serem comissões pelos favores aos amigos. Só em numerário entraram na conta do deputado 26 mil euros.

Quando ficou à frente da bancada do partido na assembleia municipal de Lisboa, em 2013, Azevedo terá cumprido a promessa e não se esqueceu dos amigos. Em menos de dois meses, assinou três contratos: com Patrícia Leitão, Nuno Vitoriano e Filipa Lages - todos militantes do partido social-democrata e com estreitas relações entre si.

Pelo menos dois foram constituídos arguidos no processo ao lado do antigo deputado do PSD.

O caso chega até Loures, ao nome de Ivone Gonçalves, que integrava a lista 'laranja', encabeçada por André Ventura. Questionada por Azevedo sobre o que quer de pelouro ou assessores, terá respondido: "Eu 'tou-me' a ca***, eu quero é ordenado"

Eis o que já se sabia

De acordo com a TVI/CNN, na primeira parte da reportagem, que cita uma investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária, Fernando Medina é suspeito em processos que remontam ao tempo em que era presidente da Câmara de Lisboa, incluindo o caso Tutti Frutti. Em causa estão alegados crimes de corrupção, abuso de poder e uso ilícito de cargo político, entre outros.

A notícia adianta ainda que há dezenas de escutas e centenas de e-mails que envolvem não só o atual ministro das Finanças, mas também o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, na altura número 2 de Medina na câmara de Lisboa.

A investigação inclui vários e-mails "com relevância criminal", segundo uma inspetora da Polícia Judiciária num relatório do processo Tutti Frutti, sublinhando a existência de "acordos políticos entre Sérgio Azevedo (do PSD), Duarte Cordeiro e Fernando Medina (do PS)" para a atribuição de avenças e a colocação de pessoas "em posições estratégias" nas eleições autárquicas de 2017.

É ainda referida a "emissão de faturas falsas e acordos com responsáveis do PS para a adjudicação de contratos públicos a empresas" assim como uma "cunha" pedida por Luís Filipe Vieira - presidente do Benfica até 2021 - para que um imóvel do filho tivesse isenção do IMI.

Os dois ministros negaram ter sido ouvidos pelo Ministério Público no âmbito destas suspeitas. Não há, até ao momento, nenhuma acusação formalizada.

Leia Também: Caso Tutti Frutti? "O PSD será intransigente com qualquer falha ética"

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