O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou, esta quinta-feira, sobre a atuação do Serviço de Informações de Segurança (SIS) na recuperação de um computador levado do Ministério das Infraestruturas esclarecendo, nomeadamente, quando entrou em contacto pela primeira vez com a situação.
"O que posso dizer é que o primeiro contacto que tive sobre esta matéria com alguém foi no dia 29 [de abril]", notou. O chefe de Estado escusou-se a revelar com quem teve esse contacto.
Recorde-se que o primeiro-ministro, António Costa, esclareceu, na quarta-feira no Parlamento, que "não tinha, no contacto inicial com o Presidente da República, proferido aquela matéria que se tinha entendido que tinha referido".
"Se eu disse de alguma forma que tinha informado o senhor Presidente da República sobre a intervenção do SIS, aproveito a sua pergunta para corrigir imediatamente. Eu nunca informei o senhor Presidente da República sobre a intervenção do SIS, que fique claro", atirou António Costa, em resposta ao líder do Chega, André Ventura.
Questionado pelos jornalistas na inauguração da Feira do Livro de Lisboa sobre quem era "o alguém" a que se referia, Marcelo afirmou que não diria mais nada a esse respeito, relembrando que tudo o que tinha a dizer, afirmou no passado dia 4 - altura em que falou ao país, assumindo divergência com "de fundo" com o chefe de Governo, mas não dissolvendo a Assembleia da República - questão colocada em cima da mesa após 'estourar' a polémica no Ministério das Infraestruturas, que envolve a atuação do SIS.
Estas declarações surgiram depois de Marcelo, ser questionado sobre se foi Costa que o informou sobre a atuação do SIS. "Nunca conto as conversas que tenho com o primeiro-ministro", asseverou.
Marcelo convocará (outro) Conselho de Estado em julho
Na mesma intervenção, Marcelo anunciou que perto do final de julho vai convocar "um outro Conselho de Estado para a situação portuguesa".
"Já há muito tempo que não convoco um Conselho de Estado para apreciar a situação portuguesa. Tenho dado prioridade por causa da guerra e da crise internacional às questões internacionais, mas faz sentido porque está a arrancar o Orçamento do Estado para o ano que vem, estão a terminar os trabalhos da Assembleia da República nesta sessão legislativa. Faz sentido ouvir os conselheiros de Estado, logo a seguir ao partidos", referiu o responsável.
Marcelo referiu que este Conselho de Estado para julho "não era para nenhum caso específico de intervenção", mas sim para ouvir os responsáveis em questão sobre a situação económica, social e política.
"Nessa altura já com algum distanciamento apreciável porque os trabalhos parlamentares já estão no fim e tudo o que tem sido objeto de debate no parlamento já chegou ao fim", explicou, reforçando que se referia a "tudo" e não apenas a Comissão de Inquérito à TAP - quando confrontando sobre isto pelos jornalistas. "É ocasião de ouvir todos", sublinhou.
Questionado ainda sobre nessa altura a ideia será "dar passos", Marcelo foi peremptório: "A ideia não é dar passos. É ouvir. Fazer apreciação das várias perspectivas", rematou.
O próximo Conselho de Estado realiza-se a 16 de junho, no Palácio de Belém, momento para o qual o chefe de Estado convidou a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola. "A reunião abordará as perspetivas sobre a atualidade da Europa, a menos de um ano das eleições para o Parlamento Europeu", lê-se na nota publicada no site da Presidência, na qual Marcelo anunciou, no passado dia 10, a presença desta responsável.
[Notícia atualizada às 20h58]
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