A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP) revelou, esta segunda-feira, que questionou o diretor nacional da PSP, Magina da Silva, sobre as condições de trabalho dos polícias na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que se realiza em agosto, na sequência das "referências públicas" feitas pelo ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.
Num comunicado a que o Notícias ao Minuto teve acesso e intitulado "Exigimos respostas urgentes", a ASPP/PSP revela uma série de perguntas, paras as quais alega continuar sem respostas.
"Perguntámos quais os reforços ou investimentos da PSP para a realização do evento, o valor concreto das ajudas de custo para os polícias deslocados, o número de senhas de refeição para alimentação, os espaços para refeições e pernoita, quem irá realizar o transporte, se os serviços remunerados serão pagos aos profissionais", enumeram.
Questionaram ainda "se foram realizados estudos para definir a percentagem de efetivo a mobilizar, se há limite de carga horária, se a saúde, limpeza, qualidade de descanso e alimentação estão garantidas, se terão lugares seguros para o armamento e materiais de proteção, quais as regras de antiguidade para mobilização e se estão acauteladas as situações de indisponibilidade ou compromissos familiares dos profissionais".
Recorde-se que, na semana passada, José Luís Carneiro garantiu que os polícias envolvidos na segurança da JMJ vão ter redução de horários, remuneração pelo trabalho excecional e pagamento das ajudas de custos a 100%.
"Controlo de fronteiras, reforço operacional, condições remuneratórias pelo trabalho excecional, ajudas de custo a 100% para deslocados, turnos reduzidos de oito horas para seis horas, condições de alojamento, transporte, refeições, articulação com o Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Rurais e testes às redes de comunicações são algumas das importantes matérias que têm sido acauteladas em tempo", disse José Luis Carneiro durante a audição na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades Garantias.
Por sua vez, o presidente da ASPP disse que as medidas anunciadas pelo ministro são "uma falácia" e "uma provocação".
Segundo Paulo Santos, a redução do horário das oito para as seis horas "contraria completamente aquilo que o senhor diretor nacional disse, que esta redução impunha-se para que os polícias não tivessem oportunidade para se deslocar para se alimentar" e destina-se a "empurrar os polícias para depois prestarem outras seis horas em serviço remunerado".
Para o presidente da ASPP, a comunicação feita pelo ministro visou "confundir tudo, mas não consegue confundir os polícias".
A ASPP anunciou também a realização de iniciativas "inovadoras e bastante criativas durante, antes e depois" da JMJ, tanto em Lisboa, como junto dos comandos e das dioceses que vão organizar eventos, como forma de demonstrar a "insatisfação" dos profissionais da PSP.
O diretor nacional da Polícia de Segurança Pública já avançou que mais de 10.000 polícias vão estar mobilizados para a segurança e policiamento da JMJ, que ser realiza em Lisboa na primeira semana de agosto.
Dos 10.000 polícias, 2.700 vêm de outros comandos do país para reforçar o Comando Metropolitano de Lisboa, que tem cerca de 7.000 elementos.
Considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, a JMJ vai realizar-se entre 1 e 6 de agosto em Lisboa, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.
A edição deste ano contará com a presença do Papa Francisco, que estará em Portugal entre 2 e 6 de agosto.
A JMJ de Lisboa esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia da covid-19.
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