Um jovem militar de 21 anos está, desde o dia 12 de junho, em coma induzido, após ter sofrido um golpe de calor no decorrer de uma prova física do Curso de Comandos, o qual se encontrava na 11.ª semana. Tanto o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, como a ministra da Defesa, Helena Carreiras, asseguraram estar a acompanhar “de perto” a evolução do estado de saúde do soldado, que está internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Este é mais um caso de "golpe de calor" na chamada 'prova zero' do referido curso, depois de, em 2016, dois militares de 20 anos terem perdido a vida. O caso culminou em três condenações a pena suspensa de prisão.
Neste caso mais recente, o jovem sentiu-se mal devido ao calor, no âmbito da “instrução de marcha-corrida, com a distância de 15 quilómetros, com carga de cinco quilos”, adiantou o Exército, em comunicado enviado às redações, na terça-feira.
O homem foi assistido no quilómetro 14 “pela equipa médica militar, tendo sido acionado o INEM, que concretizou a evacuação do militar para o Hospital Santa Maria”, complementou a nota. Diagnosticado com “um golpe de calor”, o jovem foi admitido nos cuidados intensivos, “pelos riscos inerentes de falência de órgãos”.
“A situação neurológica aconselhou a ser induzido o coma, situação em que se mantém”, apontou ainda a entidade.
O 139.º Curso de Comando “foi interrompido até à conclusão da avaliação clínica de todos os instruendos, bem como iniciado um processo de averiguações”, tendo, entretanto, sido retomado. Foi, inclusivamente, realizada “a avaliação de marcha-corrida no passado dia 16 de junho, para a distância de 20 km e com carga de 10kg, não se tendo registado quaisquer alterações fora dos padrões definidos”.
Mais tarde, Helena Carreiras confirmou as informações avançadas pelo Exército, garantindo estar a acompanhar "desde o primeiro momento os desenvolvimentos do estado de saúde e situação clínica do militar", a quem desejou as "rápidas melhoras", num comunicado enviado à imprensa.
Marcelo Rebelo de Sousa ecoou esta posição através de uma nota da Presidência da República, apontando que esteve “sempre em contacto com as Chefias Militares e com os familiares”, e “desejando que possa haver uma recuperação o mais rápida possível”.
O curso, que tem um total de 17 semanas, teve início a 12 de abril. Conta, agora, com 22 instruendos em formação, de um total inicial de 52 formandos. Mais de metade desistiram, de acordo com a imprensa nacional.
Dois militares de 20 anos morreram em 2016
Sublinhe-se que este não é o primeiro caso de formandos que se sentem mal devido ao calor no âmbito da instrução do Curso de Comando. Em 2016, dois militares com apenas 20 ano, Hugo Abreu e Dylan Silva, morreram após sofrerem um golpe de calor na chamada 'prova zero' do 127.º Curso de Comandos, em Alcochete.
Nessa altura, um outro militar também se sentiu indisposto na instrução técnica de combate, tendo sido também diagnosticado com "golpe de calor" e retirado para a enfermaria de campanha. Foi, mais tarde, levado para o Centro Hospitalar Barreiro Montijo.
Oito oficiais, oito sargentos e três praças, todos dos Comandos, a maioria instrutores, foram acusados de abuso de autoridade por ofensa à integridade física. Segundo a acusação, os arguidos atuaram com "manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocaram nos ofendidos". Dos 19 arguidos, três foram condenados a penas suspensas de prisão. As famílias recorreram da decisão.
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