Túmulo de D. Dinis foi encerrado, mas investigação ao rei vai continuar
O túmulo do rei D. Dinis foi hoje encerrado no Mosteiro de Odivelas, no distrito de Lisboa, mas a investigação sobre o monarca e o seu espólio vai continuar, estando em análise um processo de classificação como tesouro nacional.
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País Museu de Odivelas
O túmulo com os restos mortais do rei D. Dinis (1261-1325) foi alvo de um processo de restauro e intervenção multidisciplinar iniciado em 2016, num projeto mais alargado de intervenção do próprio mosteiro, e que permitiu um estudo forense do monarca, uma investigação ao manto que o cobria e a descoberta de uma espada medieval dada como desaparecida.
No Mosteiro de Odivelas, onde se procedeu hoje ao encerramento do túmulo do rei, a arqueóloga Maria Antónia Amaral, uma das responsáveis pelo estudo em curso, explicou à agência Lusa que propôs a classificação do manto e da espada encontrada como tesouros nacionais.
"Acho que é um tesouro nacional, por tudo, pelo conjunto, pelo contexto, pela importância nacional e internacional. O processo está em curso, está a ser analisado, são processos muito demorados. Um processo de classificação pode demorar dois anos", disse.
Segundo a arqueóloga, os restos mortais do rei foram estudados por uma equipa de Antropologia e há ainda o espólio associado ao monarca e ao infante -- um dos netos de D. Dinis que também está sepultado no mosteiro -- que precisa de ser estudado; serão produzidas ainda análises, datações, inventários, relatórios e artigos científicos.
Maria Antónia Amaral disse que a espada, que está depositada no Laboratório José de Figueiredo, em Lisboa, precisa de uma "consolidação assertiva" e a lâmina terá ainda de ser analisada.
Eugénia Cunha, antropóloga forense da Universidade de Coimbra que também integra o projeto, explicou à agência Lusa que a análise aos restos mortais do rei, que morreu com 64 anos, permitiu recolher "dados novos, interessantes, uns melhores que outros", que serão divulgados até ao final do ano.
Segundo a investigadora, é possível fazer hoje um retrato mais fiel do monarca a partir da análise dos ossos, porque foi feita uma reconstituição em 3D da coluna, que permitiu perceber, por exemplo, que tinha uma doença degenerativa.
Também vai ser possível saber a fisionomia do rosto de D. Dinis, mas haverá menos certeza sobre detalhes como a cor dos olhos e do cabelo, porque não acederam ao código genético.
No mosteiro, Maria Antónia Amaral e Eugénia Cunha explicaram que foi criada "uma reserva arqueológica para memória futura" que inclui um pequeno osso do rei, para que, num futuro com avanços tecnológicos, seja possível fazer mais análises sem ter de reabrir o túmulo.
No encerramento do túmulo estiveram presentes vários técnicos e investigadores, além do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, da secretária de Estado, Isabel Cordeiro, e do presidente da câmara de Odivelas, Hugo Martins.
Aos jornalistas, Pedro Adão e Silva disse que não está ainda decidido onde ficarão os têxteis e a espada retirados do túmulo. Será preciso, primeiro, "fazer o trabalho de conservação e intervenção das peças. Será longo e delicado e muito minucioso. Cada coisa a seu tempo".
No túmulo de pedra, os restos mortais do rei foram cobertos com um tecido branco e uma cápsula acrílica. Foi ainda colocado um exemplar de um jornal diário de hoje, como referência de datação para uma hipotética reabertura futura.
O rei D. Dinis morreu a 07 de janeiro de 1325, em Santarém, mas, para que se cumprisse a disposição do último testamento, datado de 1322, o monarca foi sepultado no Mosteiro de Odivelas, que fundara em 1295.
Em 2019, a gestão do Mosteiro passou para a Câmara Municipal de Odivelas, através de um acordo de cedência com um prazo de 50 anos e que implica um investimento previsto por parte da autarquia de cerca de 16 milhões de euros em obras de requalificação, bem como o pagamento de uma renda mensal de 23 mil euros, anualmente atualizável.
Com a requalificação, a autarquia prevê a criação de um novo Centro Interpretativo do Mosteiro de Odivelas.
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