As explicações da mãe: Vi Jéssica "ao longe, embrulhada numa manta"
A mulher, que não terá contactado as autoridades por "medo", adiantou que não teve receio de entregar a filha de três anos aos arguidos porque estes a informaram de que seria "para brincar com a Esmeraldinha".
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País Caso Jéssica
Inês Sanches, a mãe de Jéssica Biscaia, revelou, em audiência judicial esta quarta-feira, que foi ameaçada pelos suspeitos da morte da menina de três anos devido a dívidas de droga do pai da criança, com quem não mantinha uma relação desde 2021. De acordo com a mulher, também ela arguida no caso, Ana Pinto, Justo Montes e Esmeralda Montes disseram que matariam a sua família e os seus filhos, se falhasse o pagamento.
A mulher, que não terá contactado as autoridades por “medo”, adiantou que não teve receio de entregar a filha de três anos aos arguidos porque estes a informaram de que seria “para brincar com a Esmeraldinha”, diz a CNN Portugal, citando declarações de Inês Sanches.
Contudo, de acordo com o mesmo meio, Inês Sanches indicou que apenas conhecia aquela família “de vista”.
“Nunca entrei na sua casa. Só entrei na véspera da menina morrer. Disseram-me que a menina tinha caído e que tinham de ir à farmácia. Vi, ao longe, a menina embrulhada numa manta com a Tita. Chegaram dois tipos para comprar droga e meteram-me fora de casa. Não me cheguei perto da menina. Disseram-me que estava a dormir”, contou, complementando que a família lhe tinha pedido “40 euros” para comprar Betadine.
“Fui à pressa para a salvar”, disse, ainda que tenha saído da residência sem a filha. Ficou, depois, “no sofá a ver televisão”. Na verdade, a mulher viu-se obrigada a baixar o som do telemóvel para o namorado não se aperceber do que se estava a passar, tendo recebido diversos telefonemas.
Já com a menina em casa, ao fim de cinco dias de tortura, Inês Sanches detalhou que deitou Jéssica “na cama, com a roupa, o chapéu” e foi “fazer o almoço”, justificando o porquê de não ter visto os hematomas da criança.
No entanto, questionada quanto ao porquê de não ter levado a filha a um hospital, a mulher replicou que tal não lhe passou “pela cabeça”, ressalvando que não viu os hematomas, apesar de ter notado que a menina tinha “peladas”.
De acordo com Inês Sanches, havia uma dívida de droga e outra “do bruxedo” – uma “amarração” que pediu por estar “numa situação complicada com o namorado”.
Quando recebeu as ervas para o ‘ritual’, Jéssica terá ficado logo com a família Montes, “para garantir o pagamento”.
“Paguei a dívida com o abono da Jéssica, que eram 200 euros”, disse, mas os 50 euros restantes foram cobrados com juros, traduzindo-se em 50 euros por dia.
Recorde-se que Jéssica Biscaia morreu em Setúbal em junho do ano passado, sendo que, segundo o responsável do Gabinete Médico-Legal de Setúbal, João Luís Ferreira dos Santos, terá sofrido o nível máximo de dor durante os dias de tortura de que foi alvo, enquanto esteve retida em casa dos arguidos. O perito considerou ainda que criança estaria viva caso tivesse sido levada para o hospital, ainda que com sequelas muito graves.
Ana Pinto, o marido, Justo Ribeiro Montes, e a filha, Esmeralda Pinto Montes, estão a ser julgados pelos crimes de homicídio qualificado consumado, rapto, rapto agravado e coação agravada.
Estes três arguidos e Eduardo Montes, filho de Ana Pinto e Justo Ribeiro Montes, estão ainda acusados de um crime de violação agravado e de um crime de tráfico de estupefacientes agravado.
A mãe de Jéssica está acusada dos crimes de homicídio qualificado e de ofensas à integridade física qualificada, por omissão.
O caso começou a ser julgado no tribunal de Setúbal a 5 de junho.
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