"Temos vindo a realizar iniciativas pontuais do ensino da língua portuguesa. No próximo ano letivo que começa em breve, o português será introduzido de forma oficial no sistema educativo oficial da Guiné Equatorial com recurso a professores que receberam formação específica para desempenhar esta função", disse à Lusa o embaixador daquele país africano em Lisboa, Tito Mba Ada, em Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança, no âmbito da cerimónia de atribuição do prémio literário Guerra Junqueiro Lusofonia 2022.
O diplomata explicou ainda que a importância para a divulgação do português no seu país "é máxima", a partir do momento que a Guiné Equatorial adotou a língua portuguesa de forma oficial, no âmbito da adesão à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em 2014, no decurso da cimeira que decorreu em Díli, Timor-Leste.
"Temos um núcleo de professores nacionais, futuros docentes da língua portuguesa, que fizeram formação especializada para lecionar o português. O Governo do meu país adotou estratégias de política linguística no seio da Universidade Nacional da Guiné Equatorial criando uma licenciatura em língua portuguesa", avançou Tito Mba Ada.
De acordo com o embaixador equato-guineense em Lisboa e da missão junto da CPLP, outras medidas para a difusão da língua portuguesa foram adotadas nos meios de comunicação da Guiné Equatorial como é caso dos telejornais da televisão pública ou programas temáticos dedicados à difusão do português.
"Estas são medidas tomadas pelo Governo da Guiné Equatorial para a disseminação da língua portuguesa. Paralelamente estão a ser formados funcionários da administração pública para obter qualificações através da língua portuguesa, mas de uma forma mais específica. Isto significa que estamos a atracar a língua portuguesa em diferentes frentes: no âmbito escolar, no âmbito da função pública e da sociedade civil", concretizou o diplomata.
Tito Mba Ada referiu ainda que a aprendizagem de uma língua como o português não tem um final é uma situação que passa de geração em geração.
"Nós nunca aprendemos a língua portuguesa na escola. Agora, os nossos jovens já estão a aprender na escola o língua portuguesa e que através dos mais novos a situação será melhorada. Por outro lado, a Guiné Equatorial esta a enviar jovens para fazer a sua formação em Portugal, no Brasil e em outros países da CPLP", explicou.
O embaixador disse ainda que o Ministério da Cultura, Turismo e Promoção Artesanal da Guiné Equatorial está a dar formação em língua portuguesa aos trabalhadores hoteleiros para fazerem a difusão deste idioma pelas ruas daquele país africano.
"Para a realização do nosso trabalho de aprendizagem e divulgação do português na Guiné Equatorial contamos com o apoio de várias entidades como o instituto Camões e de cooperação bilateral dos países membros da CPLP", frisou Tito Mba Ada.
Por seu lado, o ministro da Cultura e Turismo da Guiné Equatorial, Prudencio Botey Sobole, disse à Lusa que já em tempos passados havia ligações culturais entre os vários países e a entrada para a CPLP veio reforçar as ligações.
"Considero tudo isto um vínculo de união desde os nossos antepassados dentro da atual comunidade [CPLP] que representamos", referiu o governante.
Prudencio Botey Sobole referiu que o português é o terceiro idioma oficial da Guiné Equatorial e com a adoção deste idioma os países lusófonos caminham juntos.
Já a escritora equato-guineense Angela Nzumbi, laureada com o Prémio Literário Guerra Junqueiro Lusofonia em 2020, disse que é um sonho ver os seus livros traduzidos para língua portuguesa.
A escritora prometeu também um livro escrito em português, mas admitiu que primeiro terá de ter conhecimento mais profundo da língua.
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