Reino do Pineal quebra silêncio sobre bebé que morreu. "Alegações falsas"
Samsara foi cremado numa cerimónia fúnebre na herdade deste grupo espiritual.
© Reprodução Redes Sociais
País Reino do Pineal
"Quaisquer alegações de maus-tratos são falsas e injustificadas", afirmou a família Pinheiro ao Notícias ao Minuto, numa resposta por email às questões sobre a morte de um bebé de 14 meses no seio do autoproclamado Reino do Pineal.
"Samsara nasceu naturalmente em fevereiro de 2020 e, infelizmente, faleceu em março de 2021", afirmam, acrescentando que a mãe da criança se mantém na comunidade, "ainda de luto pela sua morte. "Mas está bem e cuida dos seus dois outros filhos", acrescentam.
De notar que a criança terá morrido em abril de 2022, logo, falecendo com 14 meses, terá nascido em fevereiro de 2021, havendo aqui um lapso temporal na versão dada pela família Pinheiro. O nascimento da criança foi registado na página do Instagram desta seita, com a publicação de uma fotografia, ao contrário da morte, que não é assinalada de nenhuma forma.
Referindo não querer alongar-se sobre o tema da morte, a família Pinheiro revela ainda que "nasceram três outros bebés na jurisdição" da comunidade e que "as mães e os bebés estão todos saudáveis e bem".
"Respeitamos os métodos de nascimento mais naturais e mais seguros, de acordo com a natureza e sem intervenções desnecessárias", referem, asseverando que "com a ajuda de especialistas experientes", a taxa de sucesso da comunidade "para um parto saudável é de 100%, sem quaisquer complicações".
Sobre o funeral da criança, que foi cremada numa cerimónia fúnebre na herdade deste grupo espiritual, o Reino do Pineal afirma que "tal como qualquer outra sociedade/cultura", a comunidade tem as suas próprias "práticas para lidar com a morte ou a transição da vida".
"Incluem cânticos cerimoniais e uma reunião dos nossos membros para testemunhar a cremação e o enterro dos nossos entes queridos na infeliz ocasião em que a morte possa ocorrer", revelam ao Notícias ao Minuto.
Invocando o artigo 41.º, 'Liberdade de consciência, de religião e de culto', alegam que, "como o Reino de Pineal é uma comunidade religiosa/espiritual", reserva os seus "direitos constitucionais".
Recorde-se que uma denúncia ao Ministério Público deu conta da morte de um bebé de 14 meses, no Reino de Pineal, em Oliveira do Hospital, em 2022.
Ao Notícias ao Minuto, o Ministério Público (MP) confirmou "a existência de um inquérito relacionado com a matéria", acrescentando que o mesmo "encontra-se em investigação na 1.ª secção do DIAP de Coimbra".
O menino era filho de Água Akbal Pinheiro e Gabriela Luna Pinheiro, os líderes desta congregação espiritual. De acordo com informações confirmadas por fontes ligadas à seita junto da Visão, a gravidez de Gabriela não terá sido acompanhada e o parto não terá tido assistência clínica. A criança não teve também qualquer vacina e com um ano continuava apenas a fazer a alimentação via amamentação.
As suspeitas em torno do Reino do Pineal foram primeiramente levantadas pela revista Visão, que escreveu sobre "A misteriosa seita que se instalou no Interior e quer formar um Estado soberano dentro de Portugal".
Nessa reportagem, a revista relatou que a seita - da qual fazem agora parte entre 40 a 100 membros - é liderada por um antigo 'chef' de cozinha estrangeiro que pretende formar ali, tal como indica o próprio título, um reino soberano.
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