Acordo? Ministério tem "mostrado uma inquebrantável abertura ao diálogo"
"Para se dançar o tango ou haver um acordo tem mesmo de haver dois parceiros", defendeu o ministro da Saúde, que revelou que a proposta da grelha salarial será enviada quarta-feira aos sindicatos.
© Lusa
País Manuel Pizarro
O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, defendeu, esta terça-feira, que o Governo tem "mostrado uma inquebrantável abertura ao diálogo" com os sindicatos dos médicos, que se encontram a cumprir uma greve de três dias por revisão salarial.
"Para se dançar o tango ou haver um acordo tem mesmo de haver dois parceiros", começou por referir o governante, após ser questionado sobre o acordo com os médicos, à margem de uma visita em Carcavelos, no concelho de Cascais.
"Há duas partes numa negociação. As duas partes têm de mostrar abertura ao diálogo. E há uma coisa que ninguém pode negar: o Ministério da Saúde tem mostrado uma inquebrantável abertura ao diálogo", reiterou, avançando que a proposta da grelha salarial será enviada quarta-feira aos sindicatos.
O ministro defendeu ainda que o Governo reconhece que "o Serviço Nacional de Saúde (SNS) é muito importante" e não pode existir "sem valorização adequada dos profissionais, nomeadamente dos médicos".
Salientou, ainda, o esforço que o Governo fez em matéria de cuidados de saúde primários, ao apresentar uma "proposta clara" para permitir que todas as unidades de cuidados de saúde primários tenham um modelo de remuneração associada ao desempenho, o que significa um aumento médio da remuneração dos profissionais de cerca de 60% "muito acima do que é reivindicado pelos sindicatos"
"Temos dado passos de evolução e continuaremos a negociação para a clarificação do conceito da dedicação plena" que permita, no caso dos hospitais, "um espaço de entendimento", disse.
"O que está em causa é evidentemente melhorar as condições dos profissionais, mas a preocupação dominante do Ministro da Saúde tem de ser, como é que isso se reflete em melhor atendimento para os cidadãos", acrescentou.
Sobre a adesão à greve, o ministro recusou comentar por "respeito ao direito à greve" e aos "trabalhadores".
As declarações de Manuel Pizarro surgem após o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, ter manifestado dúvidas acerca da atualização salarial ainda durante esta semana.
Os médicos iniciaram hoje uma greve nacional de três dias para forçar o Governo a apresentar uma proposta concreta de revisão da grelha salarial, que o ministro da Saúde prometeu na segunda-feira enviar aos sindicatos.
Convocada pelo SIM, a paralisação decorre em simultâneo com uma greve dos médicos de família ao trabalho extraordinário, iniciada na segunda-feira e que terá a duração de um mês.
Na sexta-feira passada, no final de uma reunião negocial, o secretário-geral do SIM acusou o Ministério da Saúde de "não apresentar os documentos negociais", asseverando que só iria à próxima reunião com a tutela se recebesse as propostas do Governo antecipadamente.
Na segunda-feira, o ministro da Saúde assegurou que iria apresentar uma proposta de revisão da grelha salarial aos médicos e lamentou o "criticismo excessivo" que tem havido sobre a forma como têm decorrido as negociações, que se iniciaram ainda em 2022, com a antecessora ministra Marta Temido, mas que resultaram até à data sem acordo entre as partes.
Na fase de discussão do protocolo negocial, em julho de 2022, Governo e sindicatos concordaram em incluir a grelha salarial dos médicos do Serviço Nacional de Saúde nas negociações.
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