O Presidente da Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue, Alberto Mota, defendeu, esta sexta-feira, em entrevista ao programa 'Esta Manhã', da TVI, que o Instituto Português do Sangue tem de mudar a sua "política" de colheitas para que as reservas de sangue não cheguem a níveis preocupantes "duas a três vezes por ano", como tem acontecido.
"Temos de ter uma política diferente e isso cabe ao Instituto Português do Sangue. Tem de haver outra estratégia no que toca à colheita do sangue. Nós sabemos que há muitos pontos no país que não estão cobertos com a colheita de sangue", disse o responsável, dando o caso, por exemplo, do Algarve.
"No Algarve - uma região que tem muita gente nesta altura do ano - há muita dificuldade das pessoas fazerem a sua dádiva de sangue. Agora existe uma recolha de sangue em Lagoa, numa feira que é a Fatacil, mas sabemos que de Vila Real de Santo António até Lagoa são dezenas e dezenas de quilómetros", realçou, acrescentando que "uma das grandes falhas do Instituto Português do Sangue "é não ir ao encontro das pessoas".
"Não pode o Instituto nem os centros de sangue virem apelar à dádiva de sangue e depois pedir para que as pessoas se desloquem aos postos físicos [...]. O país é muito disperso, precisamos de ir nós ao encontro das pessoas", sublinhou, recordando que "só existem três pontos de colheita: Lisboa, Coimbra e Porto.
"Ainda não podemos respirar de alívio"
Apesar de os apelos a doações de sangue, feitos nos últimos dias, terem funcionado e esta quarta e quinta-feira terem sido "dias fantásticos", Alberto Mota lembrou durante a mesma entrevista que "ainda não podemos respirar de alívio", uma vez que as reservas continuam baixas.
"Precisamos de 1.000 a 1.100 unidades de sangue todos os dias e mesmo com o sucesso das doações de quarta e quinta-feira não chegamos a esses números", explicou, adiantando que é necessário que a "onda de solidariedade" se estenda e prolongue durante a próxima semana.
Além disso, relembrou o responsável, é importante que as dádivas de sangue sejam feitas de forma "regular e controlada", pois "não podemos viver nessa situação de andarmos sempre duas, três vezes por ano com grandes apelo, dependermos destas ondas de solidariedade pontuais e depois não termos dadores regulares".
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