Duas crianças, de três e oito anos, que estava à guarda do Estado português, conseguiram fugir por um portão das traseiras da fundação Coi, no Pinhal Novo, na passada quarta-feira, sem que ninguém se apercebesse, avança a CNN Portugal.
Os menores foram encontrados sozinhos, com sede e sem camisolas, e um deles apresentava marcas de violência, tal como foi dado a conhecer por uma testemunha, que partilhou uma publicação nas redes sociais a denunciar a situação. Foi também esta testemunha que alertou as forças de segurança para a situação.
"Ontem na estação do Pinhal Novo encontramos duas crianças fugitivas (...) o mais velho, de oito anos, estava com marcas de violência doméstica e o de 4 anos andava descalço", escreveu.
"Chegaram lá na estação, disseram que estavam perdidos e que queriam ir para perto dos pais (...), choravam, dizia que estavam numa instituição", acrescentou ainda.
Após a fuga dos menores, as famílias, que dizem que é recorrente o portão por onde as crianças fugiram estar aberto, apresentaram queixa contra a instituição.
"Podia ter acontecido o pior ao meu filho, eu desesperada e elas ali, a levar na normalidade, a explicarem-se a situação do meu filho", lamentou Camila Souza, a mãe de uma das crianças, em declarações à CNN Portugal.
"Neste momento poderiam não estar vivos. Nós estivermos no local. Da instituição até à estação dos comboios do Pinhal Novo ainda é uma distância longa, são 15 minutos a pé. Poderiam ter sido atropeladas, poderiam ter sido raptadas. E pela lógica da instituição nós ficaríamos sem saber de nada. Felizmente, viemos a saber pelas redes sociais", disse 'Maria', como foi identificada, madrinha da outra criança.
Camila Souza referiu ainda que, inicialmente, a instituição "não admitiu" a situação e que se deslocou à Guarda Nacional Republicana (GNR), que lhe confirmou a ocorrência. "A senhora que fez a publicação disse que a diretora da instituição chegou lá e queria levar os meninos sem chamar a GNR e sem chamar os bombeiros. Porquê? Porque queria ocultar o caso", afirmou a mulher.
À CNN Portugal, a fundação Coi disse que o episódio foi comunicado aos respetivos tribunais e equipas multidisciplinares da Segurança Social e que foi instaurado um processo interno de averiguações. Sobre as alegações de maus-tratos, uma vez que um dos meninos tinha marcas no corpo, a instituição disse que se tratou de uma desavença entre crianças no interior da instituição.
A GNR garantiu ainda que os autos da ocorrência foram enviados para o Ministério Público e para a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ).
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