Rui Valério, que trabalhou durante vários anos como padre no Patriarcado, sucede a Manuel Clemente, a quem agradeceu "a dádiva da sua amizade e o marco evangelizador que imprimiu na diocese".
O Vaticano anunciou, em 10 de agosto, a nomeação do bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança como novo patriarca de Lisboa.
A posse de Rui Valério acontece no ano em que a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais Contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa validou 512 dos 564 testemunhos recebidos, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de vítimas da ordem das 4.815.
Estes testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, período abrangido pelo trabalho da comissão, cujos dados foram divulgados em fevereiro.
No próprio dia do anúncio da sua nomeação, Rui Valério deixou uma palavra às vítimas de abusos por membros da Igreja, assegurando que partilha da sua dor e está apostado na "tolerância zero" preconizada pelo Papa Francisco para estes casos.
Na primeira mensagem que dirigiu aos fiéis do Patriarcado de Lisboa, o então bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança deixou vincada a sua preocupação com os casos de abuso na Igreja, que, na missa crismal deste ano, perante os capelães militares, qualificou como "um autêntico murro no estômago" perpetrado por "indignos membros da Igreja".
O novo patriarca tem 58 anos e é natural de Urqueira, no concelho de Ourém. Foi ordenado padre em 1991, em Fátima, e torna-se agora o 18.º patriarca de Lisboa.
Pertencente aos Missionários Monfortinos, foi o primeiro padre português daquela congregação a ser ordenado bispo.
Manuel Clemente, que esteve à frente do Patriarcado de Lisboa nos últimos 10 anos, completou 75 anos no dia 16 de julho, idade prevista para a apresentação da renúncia ao lugar de titular da diocese.
[Notícia atualizada às 15h21]
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